VISITA MOMENTANEA
VISITA MOMENTÂNEA
Após algum tempo de cochilo, acordo.
O vento percorre hesitante,
entre os breves instantes do dia
que finda e da noite que inicia.
Ainda aberta a janela do quarto,
a brisa que entra, traz apenas algum
vestígio de sol, que não mais ilumina
com a luz natural, o recinto já anoitecido.
Permito, então, que o meu sono
profundo venha depois, e se envolva
com a sensação agradável da brisa,
dispersando-o pelas cercanias dos ares
noturnos. E, enquanto estou desperto,
percebo que a poesia me visita
momentânea; porém, ao contrário
de mim, ela está com sono; e, antes
que se retire para dormir, me doa
o influxo poético; por fim, despede-se,
com acenos e bocejos, e segue com o vento,
ambos somem na escuridão da noite.
Adilson Fontoura