A QUIETUDE NOS CAMPOS

A QUIETUDE NOS CAMPOS

Gosto de estar na quietude dos campos,

só ouvindo o que o silêncio me fala.

Passa um camponês montado num cavalo.

Retraído, acena-me com uma das mãos.

Deixa que o mero gesto de me saudar,

seja a sua fala, apoiada na mudez campestre.

Traz-me o silêncio, o diálogo sutil dos peixes

no fundo do rio, no aprazer dos acasalamentos

aquáticos. Traz-me as falas corriqueiras

das almas que, do outro lado da vida,

aprazem-se unidas, sentadas nas sombras

debaixo das árvores frondosas. Traz-me

as decisões instintivas das formigas operárias,

acerca de suas atividades cotidianas,

dentro e fora de algum formigueiro. Traz-me

o toque do vento nas flores, junto com

a suavidade de suas fragrâncias silvestres.

Traz-me o cheiro de terra seca, depois

que o sol escondeu-se e permitiu que a chuva

caísse por alguns instantes amenizando o verão.

O silêncio amplo e profundo, traz-me outras

coisas, outras situações comuns, mas que estão

fora do alcance de meus olhos, de meus ouvidos,

que não podem caber num só poema.

Gosto de sentir a quietude nos campos,

porque neles a poesia se revela discreta,

para que lhe perceba a paz espiritual.

Para que o poema se construa silencioso,

captando a linguagem das almas que

o intuem, com suas preciosidades poéticas.

Adilson Fontoura

Adilson Fontoura
Enviado por Adilson Fontoura em 01/12/2019
Código do texto: T6807979
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