SILENCIO POETICO
SILÊNCIO POÉTICO
O silêncio grita-me um poema
que ainda não sei como iniciar.
Talvez a linguagem esteja presa
na mudez funda de um grotão.
Acho que ela espera que nasça o dia,
e os pássaros gritem os primeiros cantos.
Então a poesia sai do grotão fundo
e escuro e se mostra saliente,
motivando a linguagem criar o poema,
cujo silêncio ainda lhe é gritante.
Motivos poéticos não me faltam
para que inicie um mero poema.
Este, porém, não sabia como o iniciar
porque, embora a poesia estivesse
silente no grotão fundo, so pôde
revelar-se, depois que viu o aceno
de minha alma chegando de suas
andanças astrais, para gerar, enfim,
a linguagem que compõe o poema.
Adilson Fontoura