A oração de um poeta
Ah, meu Deus! Tu podias
livrar-me da ironia,
como do meu cinismo,
antes que eu caia no abismo.
Deus, derruba a bravata
que insta o nó da gravata.
Podias tu me elevar,
ensinando-me o amar.
Troques meu pensamento
por nobre sentimento.
Tenhas pena do poeta
que escreve em linha reta,
que anda por riscas tortas:
me abras do céu a porta.
(Deixou da noite o orvalho
meu topete grisalho)
Por favor, cria um meio,
Deus, d' eu não ser tão feio.
E mandas-me a princesa,
mesmo que não francesa...
Ah, meu Deus! Tu podias
tornar tudo poesia...