SOBREVIVER ETERNO
SOBREVIVER ETERNO
Fora do corpo, ensaio a minha morte,
que nao e minha, mas do corpo que
me abriga, passivel de algumas provas
doridas, envolto em sonhos de as vencer
ao longo de subsequentes encarnaçoes.
Nao sinto o morrer triste nesse ensaio,
pois me alegro na leveza de voos astrais;
a espargir a luz interior pela noite cheia
de gente que teme almas desencarnadas,
mas a qualquer momento pode ser uma
delas, a vagar como um solitario noturno,
vivo num corpo que nao e mais carnal,
sentindo fome, sede, desejo libidinoso,
e nao sabe nutrir-se de energias etereas.
Estou fora do corpo, talvez nao quisesse
voltar ao carcere carnal que me hospeda;
(nem sei se sou um hospede pontual,
que se ocupa em voltar a casa interina
antes dela dar por falta do inquilino,
que apraz-se em voar pelos ares astrais).
O corpo sabe que nao pode me privar
desse habito salutar do ensaio de sua
morte, porque mais dia, menos dia
ela ocorre, para alegria do meu renascer.
Que importa, entao, para a alma,
se a morte levar o corpo fisico que lhe
aloja, se ela tem o corpo fluidico
que lhe e inseparavel, e que lhe
conduz, pelo desenlace, ao alem-
tumulo, ao seu sobreviver eterno?!
Escritor Adilson Fontoura
Adendo: alguns acentos nao estao
postos, porque duas teclas estao
defeituosas.