A saga eolicca

Dístico: a estória de joão,mentor da ventania

O vento me aborrecia, mas certa ocasião

Percebi que joão é que ventava em profusão

O vento era o próprio João. E com sua rajada

João me resfriava quando disparava sua soprada

Minha garganta doía e o pulmão inchava

Como arvores e plantas que do oxigênio se sufocava

E eu simplesmente era solo desprovido de flora

João, ventoclisma fenômeno que se vigora

Ele ventava em mim em seu ar de protesto

E em odio me dizia: - eu te detesto!

Vinha vento magrinho,vento forte e mais forte

De manha, noite, onipresente...sem que instante algum me conforte

Por favor, João,não me vente mais que o normal

Ventinho de circunstância,somente o essencial

Eu lhe suplicava em vão - já que a João

Quanto mais eu pedia, mais expelia seu ventão

- Peço não me sufoque com tal massa de ar violenta

Não seja uma torpe lufanda virulenta!

E ventando maléfico em meu destino, sem fim

Eu até parecia mais gélido e polar que um pingüim

Ventadouro João ventufão,

Ventil, ventoento, ventoso, ventozão!

Eu lhe esperneava: cesse! E ele ventando

E camadas suspensas de ar frio iam se formando

Ventou tanto que destruiu minha humilde vivenda

Em seu visceral redemoinho assemelhava-se a reprimenda

Um assombroso ciclone se constituiu a essa altura

Só sei que dispersei na imensidão aérea, de algoz criatura!

E quanto mais o ar atmosférico de João me carregava

Mais da nascente de João me asfixiava

O vento em seu bojo toda a esfera de vida

degradava em seu percurso,numa ação descabida

Então o planeta encontrou-se glacial,cinzento e imperceptível

Perante o nocivo fenômeno de poder indizível

Ventania de aviões, casas,florestas,aves se extinguindo

E demais coisas e habitantes de terra firme iam sucumbindo

Até os seres incomuns do mundo de feitura calamitosa

Iam rogando contra esse espectro de faceta ventosa

Eis o João a convergir em movimentos de altas pressões

A impelir aos viventes nauseantes e friíssimas sensações

Quando o mundo cada vez mais esfriado pela abundante fonte ventadoura

E clamava-se ao altíssimo Senhor que viesse uma graça vindoura

O mundo estava em sensibilidade térmica abaixo de zero

Mais o carrasco absoluto produzia muitovento com esmero

Eis então que Deus deu uma severa ordenança:

Pare agora João, com essa maquiavélica ventança!

Dessa forma João ia aos poucos de ruidoso a gradativo silêncio

Daquele venturbilhão de outrora, reduzindo-se em ventinho adventício

Até definitivamente parar suas sinistras ventorbinas

E assim, tudo no planeta terra voltaria à calmaria graças à célere obra divina

(Alex Melo)

23.06.2012

Esse dístico tem sua composição inspirada no famoso poema de Carlos Drummond "caso pluvioso". Nessa obra utilizou de uma infinidades de recursos estilístico de linguagem através de criações de novas palavras.Sendo assim,uma inovação vocabular

Alex Melloh
Enviado por Alex Melloh em 05/06/2016
Código do texto: T5657945
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