AUTOBIOGRÁFICO DAS TEMPESTADES

Estes olhos enevoados

Refletem meu coração nublado

Sou autobiográfico

Das tempestades humanas

Sou rei irrevogável do fardo,

Tenho a coroa das precipitações,

Da lama imoral formada

Pelas águas da autossugestão

Do pensamento perverso vindo do exterior alheio

(o mal) e irremediavelmente corrompido.

Chovo seco, pois as lágrimas

Vertem do lado oposto, por trás dos olhos, dentro da pele.

Vagueio no céu do espelho sem azul,

Nele só vejo o mar plúmbeo desta alma,

A tormenta diária, ininterrupta, de chagas molhadas.

Estou permanentemente com o tempo fechado

Desfazendo-me em lágrimas dogmáticas

Refazendo-me em densas nuvens carregadas.