AREIA SECA
Areia seca
Cai dos meus olhos
Arranhando, machucando
Deixando-os vermelhos
Esvaindo o deserto
De sentimental, atrás deles.
Areia seca
Cai dos meus olhos
Vertendo como areia
Do tempo, numa ampulheta
Hialina e triste. Cai areia
A conta-gotas, grão por grão
Como se fossem irremediáveis
Lágrimas secas, deixando
Um rastro como João e Maria
Mas não acho caminho de volta
Nesta areia deixada na estrada da vida.
Sigo sozinho com meus passos empoeirados
Aguardando alguma chuva milagrosa
Neste eu desértico e seco.