PONTE
Há pontes que trespassam vales
e braços que acolhem vidas enclausuradas.
Um lago onde flutuam pensamentos
e um vácuo onde habitam desejos d’almas.
Há escuridão nas entrelinhas das palavras
e clareza nas faces que desfilam nuas em passarelas.
Um tom em semitom da voz presa na garganta
e u’a lágrima que banha lembranças q’escapam pelas frestas.
Há um tolo riso tolo em meio lábio
e um canto de rouxinol suspenso no ocaso.
Sutileza na disposição dos astros no espaço
e sapiência nos ventos que impulsionam os passos.
Há um ritmo nos ritos das memórias de aço
e asas que acenam um adeus em atalho.
Há a mão do tempo batendo nas janelas do tempo
e a esperança despertando sonhos que esperam enevoados.
Há um todo que se fragmenta em mil pedaços
e um fragmento sendo o todo de todos os lados.
Uma vela acesa onde a chama esperança dança a solidão
e um vulto que liberta as correntes do porão da ilusão.
Há a pressa que circula em circuitos fechados
e um olhar que enlaça languidamente o destino apresado.
Um encontro que encontra o ponto dos pontos facultados
e o caminho indicando os mistérios que serão ainda desvendados.
JP02022013