ELOGIO À TERRA QUE ME ACOLHEU
Estava lendo sobre Santa Gertrudes, e de como nasce um povo, uma história, uma cultura e uma memória.
Como que alguém passando, buscando os ouros do Mato Grosso, poderia imaginar que nestas terras, dos Sertões do Morro Azul, algum dia poderia nascer, crescer e viver um povo com os daqui.
Quem sabe desde o princípio, já se poderia imaginar que não seria uma Laranja tão Azeda assim, onde um povo de olhar acolhedor e de um sorriso doce pudesse morar e amar?
Vem com o tempo e com a história a linha férrea esta corta os verdes campos de então “gramado”, iniciando assim um lindo e promissor progresso.
De uma gleba de terras, um povo, de um povo uma história, de uma história uma cultura, de uma cultura a própria memória.
Quando se fala da memória se torna necessário se lembrar dos homens e das mulheres, escravos, que hoje deles na nada mais resta a não ser o suor que foi derramado neste chão.
Um povo se junta, nascem os desejos de independência, de vida própria, mas como? Vamos pedir que Deus venha e nos ajude, vamos erguer uma capelinha, e ao Cristo Jesus, vamos orar, foi assim que os imigrantes fizeram, é assim que ainda hoje fazemos.
A esta capela deram o nome de Nossa Senhora das Dores, talvez por causa das dores e das aflições que eles passavam. Com o tempo nova capela foi feita, e, a Senhora das Dores deu lugar, segundo reza a história dos evangelhos apócrifos, a seu pai o São Joaquim, que hoje nos acolhe, abriga e protege.
Não dá para ficar no escuro, precisamos de luz, e em 13 de abril de 1908, começa a despontar na constelação deste grande Estado de São Paulo, mais uma estrela, que se tornaria forte e reconhecida pelos serviços cerâmicos.
Se for para contar toda a história talvez, precisaríamos de mais 55 anos. Eu quis lembrar hoje esta pequena história, para mostrar a importância de conhecermos o lugar que nos acolhe, pois muitos de nós somos migrantes.
Ouvindo há alguns dias atrás uma música, me lembrava de Santa Gertrudes, pois muitos me perguntam se é bonito o lugar que moro, respondo só uma coisa, todo lugar se torna bonito se nele colocamos nossos sonhos, nossas utopias e nossa vida.
Que Santa Gertrudes cresça, que seus administradores sejam fiéis colaboradores do povo, principalmente dos mais pobres e fracos. Quando todos tiverem condições de crescer e ter uma vida digna de ser humano, então aqueles que iniciaram esta cidade poderão descansar em paz.