declaração de voto

(chamar a isto discurso não quer dizer que pense ir fazer um discurso, mas não é crónica, nem carta e os "artigos" deixo-os para "artigos poéticos"...)

Vou votar no próximo domingo, de hoje a oito dias, esperançado que nada fique definido nessas eleições: vou explicar porquê. Porque, a ficar definido um eleito nas próximas eleições para eleger o Presidente da República Portuguesa (eleito que virá substituir o actual presidente Jorge Sampaio) ele será um presidente eleito pela Direita.

Ora, por estranho que pareça, não é por ser de Direita ou Esquerda, que esse resultado me pode preocupar e, de certo modo, preocupa. O eleito, a haver um eleito à "primeira volta" nestas eleições, será o Sr. Professor Cavaco Silva. Perguntar-se-ão porque "de certo modo" isso me preocupa? Espero que Sim, por esse motivo estou a escrever este artigo (a_final, discurso).

Para mim seria interessante saber porque A, B ou C, vota em A, B ou C outro qualquer, no caso, candidato a Presidente da República. Como sabemos, no leque dos presidenciáveis, cabe quase toda a gente: toda a gente que não esteja "à margem da Lei"... Os jovens hão-de chegar à idade em que poderão ser eleitos e, mesmo antes disso, os que já chegaram à idade... poderão ser eleitores mesmo antes de serem elegíveis.

Vim pois para falar como pessoa de outras pessoas, hoje decidi escrever sobre este tema. Tendo começado por um título: "declaração de voto". Isto porque vou declarar em quem voto, querendo dizer porquê.

Vou votar em Manuel Alegre, um poeta, um lutador, um homem culto, de e da Cultura: um digno representante do Povo Português. Para dizer porquê, tenho de dizer porque não voto nos outros. Este é o processo natural das escolhas: preferimos alguém sempre em desfavor. Ora, felizmente, isto não é bem verdade, só é parcialmente... verdade. Sem me alongar demasiado, vou tentar explicar.

Voto em Manuel Alegre por uma razão que o torna tão especial que, apesar dos outros serem igualmente bons, nem penso mais no assunto! Esta seria a situação ideal, eram todos bons e pronto, votava num ainda melhor! Vou ser parcial..., essa é a continuação desta explicação.

Voto em Manuel Alegre como votei em Sampaio, simpatizo com eles. Depois, dizer que do Dr. Mário Soares (o primeiro candidato oficial...) ao Dr. Garcia Pereira (o último candidato, todos oficiais...), em qualquer um poderia votar. Sendo possível votar em outro candidato que não Manuel Alegre, caso ele não passe à "segunda volta" e esta aconteça.

Resta-me dizer porque nunca votaria no candidato da Direita, porque nunca votaria em Cavaco Silva. Até me forço a tratá-lo com cordialidade e cortesia, tratando-o de modo informal, mas é difícil! O Professor Cavaco Silva marcou a sua presença na Vida Pública portuguesa com uma frase que se lhe colou à pele ou, mais propriamente, à identidade com que como povo caracterizámos a sua personalidade, a pessoa, o governante que disse: «Nunca tenho dúvidas e raramente me engano».

Uma frase é uma frase; todas as palavras são importantes, pelo mesmo motivo, todas as palavras requerem atenção, são relativas e relativizáveis, podendo ser pouco importantes... bem assim as frases. O que não é relativo nem relativisável é o ar do personagem, a sua mesmice misto de emproado, convencido e estúpido... porque nunca conseguiu resolver este dado do problema:

Só se consegue dar com os seus concidadãos sendo apresentado como um salvador, um enviado predestinado ou qualquer coisa do género... Desde o princípio da campanha é dado como o vencedor antecipado, penso e posso estar enganado... que nunca se candidataria se pensasse poder perder as eleições.

Vejo-o como um personagem hirto, com tiques de demagogo, a passar a mensagem que com ele as coisas vão mudar. Diz e deixa que digam por ele... Ele vai representar Portugal e vai ajudar a governação, passando a ideia de ir governar a nação! Noção anticonstitucional, quem governa o país é o governo eleito com função legislativa e governativa.

Este é o fundo da questão porque não voto em Cavaco Silva?, não o tendo por corrupto ou má pessoa: salvador só o Salvador, e, nem esse tomo por Salvador! Portanto, porque voto em Manuel Alegre? Já comecei a responder, falta só concluir. Se já gostava do personagem, como pessoa... reafirmou-se!

Não gostei da forma como o Partido Socialista se descartou daquele que se apresentava como seu candidato, estando até à última hora esperando um apoio que era esperado... pelo candidato e pela Opinião Pública (independentemente de pensarem ou não votar nele, digo-o por mim!, que me sentia mero observador). Falo como fazendo parte desse público, o mais anónimo possível, como povo... indo ao ovo do meu sentir enquanto cidadão... estava indiferente. Vou terminar:

Viva Portugal! O meu voto vai para Manuel Alegre, seria bom que os partidos não fossem chamados para estas eleições, votamos para eleger um representante por quem o país sinta que será bem representado. Para já, pelos motivos expostos, sinto que quem me representa é Manuel... Alegre!

{leitura de blog:

14.1.06

Um exemplo acabado do discurso mais do que vazio – porque parecendo que diz não diz nada de nada – do candidato à Presidência da República que dá pelo nome de Cavaco Silva

"Eu não sou especialista de vinhos e estar a escolher um poderia ser injusto em relação aos outros. Não costumo beber vinhos. Para mim, os vinhos bons são os vinhos portugueses."

[foto do candidato]

Resposta dada ao Público, segundo Nuno Lourenço, quando perguntado qual o vinho da sua vida e os momentos que lhe estariam associados.

http://blogdapontamentos.blogspot.com/2006/01/um-exemplo-acabado-do-discurso-mais-do.html}

Francisco Coimbra
Enviado por Francisco Coimbra em 15/01/2006
Reeditado em 01/02/2006
Código do texto: T99076