PROFESSORES EM DECLÍNIO

Na música Pra Cima Brasil, João Alexandre, indaga:

Como será o futuro do nosso País?

Uma resposta do tipo jargão seria:

O futuro a DEUS pertence!

Mas, assim como uma resposta dessas não resolve a questão da injustiça social,

a maioria das respostas prontas em circulação não soluciona a terrível crise que se alastra em nossa nação e no planeta.

Está sendo divulgado pela mídia pernambucana (maio/2008), que de 27.538 candidatos a professor da rede pública estadual, apenas 1.679 (seis por cento) passaram na primeira fase da seleção com nota igual ou superior a seis (o mínimo exigido);

e que as áreas mais críticas na formação dos candidatos são língua portuguesa e geografia.

Ou seja: "nois veve male, no mundo da lua!!!"

Diante das notícias sobre o resultado do concurso, alguns professores tentaram justificar o fracasso da educação com simples jargões

ao invés de fazer uma leitura do contexto atual que indique a saída para essa tragédia

– achar que respostas prontas resolveria o problema é admitir que não temos capacidade de construir um futuro melhor.

Porque é tão difícil ler nas entrelinhas?

A resposta aos problemas atuais, não é um bicho de sete cabeças, impossível de ser vencido.

O maior obstáculo é a falta de disposição de enfrentar o desafio.

É verdade que a juventude atual parece irresponsável e sem propósitos em relação ao próprio futuro;

Mas é verdade também, que falta estímulo aos estudos e referenciais para o alicerce de um projeto de vida.

Há poucas décadas era comum encontrar nossa juventude em luta por uma sociedade menos injusta

– essa luta aliada ao bom exemplo dos mais velhos e ao padrão ético da classe docente estimulava o jovem a sonhar com um significado relevante.

Naquela época não se ouvia professor lamentando baixos salários, falta de condições de trabalho ou dizendo que se os filhos se tornarem docentes levam uma surra.

Ler nas entrelinhas é compreender que as decepções do dia-a-dia (diante dos alunos)

fazem com que o jovem veja no seu professor um exemplo de profissional a ser evitado

– essa será a idéia que o aluno imprime na mente de sua família e da sociedade em geral.

Certamente o país não investe na educação como investe em outras áreas; e o pouco investimento não é coerente com a realidade nem aplicado de forma correta.

Limitar o problema da educação ao valor de salários e condições de trabalho é o mesmo que afirmar que o congresso nacional é o espelho da ética, da moral e dos bons costumes porque o poder legislativo remunera melhor que os demais órgãos do serviço público

– implica dizer que a solução do problema salarial será o docente entrar na política eleitoreira, tornando-se mais um candidato a vereador, deputado, etc.

A luta por uma sociedade menos injusta jamais deve começar pela questão salarial;

mas, através de metas a serem perseguidas,

desvinculadas do preço a ser pago por cada servidor...

Em nossa nação, por um lado temos mantido um modelo social injusto e excludente; ao mesmo tempo, não combatermos de forma integral o jeitinho brasileiro e a lei do gerson

– existem sindicalistas que acendem o cigarro no pedacinho final do anterior, indicando que suas reivindicações alimentam o vício prejudicial a quem não fuma.

A sociedade humana está à beira de um colapso porque teimamos preservar o modelo falido e fragmentado do cada um por si.

Exemplo:

os docentes da Secretaria de Educação não se envolvem na campanha salarial do pessoal administrativo da própria secretaria.

Os servidores de uma secretaria não se envolvem na luta por melhores condições de trabalho dos servidores de outras secretarias,

assim como os servidores de uma empresa pública não se envolvem na luta de outras empresas públicas.

Inclusive, a classe docente não tem consciência de luta sindical porque acha que greve é uma oportunidade de folga no trabalho enquanto o sindicato resolve o problema da defasagem salarial ou melhores condições de trabalho com o governo.

A população em geral considera os servidores públicos como marajás; e a classe docente, quando vai às compras não reflete sobre a situação do trabalhador que lhe atende – é esse o modelo fragmentado e falido, que fazemos questão de preservar na omissão justificada pelo "não sou responsável pelo que acontece fora do meu local de trabalho".

A Reprovação de Docentes,

ao contrário de um grave problema,

pode ser a oportunidade de repensar o modelo em vigência,

o qual não atende a demanda do momento porque está fora de contexto, apesar dos elementos recicláveis.

Chagas dhu Sertão
Enviado por Chagas dhu Sertão em 13/05/2008
Reeditado em 29/11/2008
Código do texto: T987627
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