Para meu povo
I
O meu povo me obrigou
A ser só o que sou
Me inspirou a ser só mais uma
Me estagnou na burrice
Na derrota da ignorância
Minha família paralisou meu tempo
Destruiu meus momentos
Me fez só e mesquinha
Eles me enjaularam no mundo
E encobriram de ódio e desprezo
II
Meu povo!oh! meu povo querido
Que me desejou morta
Eis aí teu desejo agora
Quem me lê? Quem me ignora?
Quem outrora me fez? Ou me amou?
A minha família não foi...
Foi assim, meu desdenho, meu peso
Meu calor fulminando de terror
Minha família me embriagou
Com seu hálito antiquado
Com sua reputação de merda
III
Sua angústia de séculos
Sua visão paranóica de méritos
Da fachada diplomática
Ah!como amo meu povo!
O povo que me obrigou
A ser somente o que sou
Me ensinou a ser só mais uma
Uma louca, perdida na idiotice
Assídua da malha fina
Contente na perdição, NÃO!
IV
Basta!que gente falsa...
Eu não posso mais
Não sou assim, não sou do teu deus
Exposto no rosto
E sem coração, não!
Basta! Para que tanta farsa!
Não agüento, então, me mata!
Devagar, só um pouquinho
Só até eu sentir o prazer
De não existir, ou seja, perecer
Sim!preciso perecer
V
Esquecer da minha família
Da obrigação de filha
Irmã e o escambal
Me desatina dessa alma
Tão só, tão fria
Tão minha, tão corajosa
Silenciosa alma minha!
Descontente verso repentino
Espontânea são minhas palavras
Perdidas em qualquer rua.
VI
Em qualquer direção contrária
Que afaga na batida
Uma criança solitária
Banida da vida
Da sociedade imunda
Impune estão teus castigos
Teus risos! Tua agonia
É também minha
Minha sim! Tão quanto minha vida
Emprestada a minha família
VII
Pertencente a ninguém, ou a Deus?
Ah! Minha família me negou
Me enganou até o último minuto
Me inspirou a ser só o que sou
Me obrigou a ser só mais uma
É normal? É banal?
Então se encolhe e me enforca
Me entorta para não mais existir
Não mais ser uma derrota mortal
Não mais sofrer em vão
Não mais não ser, ou ser
Somente o que sou...
S7
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