UMA HISTÓRIA; UMA CORRIDA
Estava eu assistindo a corrida de Fórmula 1 e pensando que hoje deveria estar entre amigos do passado, que muito significaram e muito significam na minha existência.
Assim, passei a associar uma coisa com outra e desta forma construí esta mensagem.
Todos alinhados em uma única folha do Diário da Justiça de 1980; uma lista enorme de pessoas que comigo iriam desenvolver a corrida de nossas vidas. Existiam os pole-positions que figuravam como os primeiros lugares naquele glorioso concurso. Alguns deles largaram na frente e fizeram uma corrida sensacional, abrilhantado pela regularidade do seu carro, com um motor possante, com manobras radicais, com um espírito acelerado, fizeram uma corrida regular do início até o fim. Nesse grupo podemos citar alguns companheiros como: José Berlange Andrade, Zenildo Dantas, Moacir Cardoso, Emerson Ottoni Prado, Geraldo Santiago, Eurípedes Falcão etc. etc. Outros, não largaram tão bem assim, mas contavam com sua astúcia, seu discernimento, sua inteligência e aproveitaram da equipe que era competente nas paradas do box, acabaram ultrapassando outros carros mais lentos e também chegaram na frente no final da corrida. Neste grupo podemos citar: Emerson Cafure, Ariovaldo Nantes Corrêa, Marcelino Gonçalves e outros tantos que hoje ocupam cargos de relevância no contexto do Poder Judiciário.
Mas a corrida era empolgante, existiam outros tantos que também eram bons no volante, deram muito trabalho para os que estavam andando na frente, também tinham caráter, eram inteligentes, tinham astúcia de líderes, faziam manobras radicais, chamavam a atenção do público para suas artimanhas no percurso, tinham gana de vencer, eram audazes na exploração de seus ideais, caminhavam por um caminho de unidade, viam o final do percurso como uma chegada Universal, queriam ser vencedores, mas também dividiam os ideais, porque ajudavam a todos a crescer no mundo social e político administrativo. Neste grupo podemos citar José Berlange, Chistiando Torchi, Antônio Carlos Novaes, Vagner Sávio, Valdecir Machado, Hélio Machado, Artur Massujo Maecawa, Celso Guibo, Elza Fossati, Olga, Zelma e tantos outros ou outras que ajudaram a construir nossa gloriosa Artjms, depois Aspjms e hoje o renomado Sindijus que se tornou um ícone no mundo do sindicalismo.
Perdoe-me os demais competidores que também largaram dessa linha de partida. Justifico que minha memória já marcada pelo tempo, talvez não seja mais o mesmo para lembrar-me de todos os competidores. Mas o que importa é que todos os nomes citados e mais os não citados, formaram um expressivo contingente de pilotos. Considero todos eles excelentes pilotos porque sempre tiveram interessados no que estavam fazendo. Jamais se viu na história dessa corrida alguém que desvirtuasse do trecho a ser percorrido. Hoje, uma boa parte é piloto aposentado, mas que nem por isso deixaram de ter seu brilho, pois, vez ou outra; alguns deles aparecem na mídia para manifestar sua grandeza de espírito; situação peculiar de um casal especial que dão o ar da graça nos canais televisivos dando ensejo um comercial. Sempre que vejo esse casal – Senhor Geraldo e Dna. Rosinha – tenho a sensação de que estou num mundo de celebridades. Aliás, nessa corrida de Fórmula 1, não há um de nós que não tenha sido um bom piloto, embora somente alguns é que estavam fadados para chegar na frente, pois numa corrida como essa a tendência é de que os mais ágeis passem na frente, mas sem que isso venha a ter a conotação de desigualdade, considerando que as oportunidades de ultrapassagem também exigem sorte, além da competência, é claro!
Nessa linha dos que foram ultrapassados não existe o subterfúgio da medalha do fracassado, mas sim a grandeza da permanência no certame, com a aceleração que o seu carro lhe permitisse, com todos os nuances e os entreveros de uma grande corrida, onde alguns carros ficaram até estilhaçados pelo meio do caminho, mas nem tudo foi indigesto para o piloto, já que nesse altruísmo de ganhador, mesmo que cambaleando pela pista, não deixou de chegar ao seu destino.
E nessa caminhada de gente humilde e digna de todo louvor, alguns alcançaram altos salários e são pessoas renomadas no mundo social, mas essa subida ao pódium não lhes destruiu aquilo que foi plantado no regulamento da vida, passando a distribuir seus tesouros para quem necessita. Não devemos olvidar que alguns desses, até hoje, quando fazem uma festa ao invés de receber presentes pessoais, mandam escrito no convite que esse presente deve vir em quilos de alimentos não perecíveis, ou então em cesta básica. Creio ser desnecessário assinalar o nome desses pilotos, pois eles próprios – conscientes que a dádiva que distribuem não será abençoada na terra – não exigirão que sejam identificados.
Hoje, quando abrimos a champanhe da vitória. Com a alegria de chegarmos vivos no final do certame, só temos uma coisa a dizer como alento para quem chegou na frente e para quem conseguiu vencer pela persistência, de que todos aqueles que largaram na partida, chegaram incólume no que diz respeito à sua dignidade e junto com os familiares, tornam também digna a nossa sociedade, que passou a ganhar um contingente de pessoas honestas e leais, não importando se Nagibões foram queimados ou explorados, não importando se alguns ficaram reféns de algumas noites em claro, ou se noutro dia alguém estivesse de ressacada para começar a árdua batalha do dia-a-dia. O que importa, são os frutos que todos plantaram e que hoje alimentam nossa Capital e nosso Estado, com grandes nomes na alta cúpula do Poder Executivo e Judiciário.
Enfim, termino esta homenagem, glorificando a Deus por nos colocar essa oportunidade às nossas mãos e que, nós, em nosso livre arbítrio, conseguimos fazê-la solidificar, colocando no mundo tantas pessoas ricas de espírito e de humanidade.
Um abraço à todos.
Desse servo da confraria e também um dos pilotos que largou naquela histórica corrida que começou 28 anos atrás e ainda não acabou, pois cabe a Deus dizer quando ela chegará ao fim para cada um de nós.