Valeu a pena

A data de 15 de fevereiro de 2008 ficará marcada para sempre em nossas vidas como um verdadeiro dia histórico para todos nós.

Hoje, tudo chega ao fim, mas também recomeça. Como chega a ciência muitas vezes a conclusões finais para logo em seguida refazer-se do narcisismo e descobrir que as certezas eram apenas o começo de uma fascinante, mas nunca absolutista jornada do conhecimento.

Nós, estudantes de História, somos, de certa forma, diferenciados dos demais universitários, posto que somos incitados a raciocinar que tudo precisa de ter uma razão e um porquê. Todo o fato histórico tem causas e muitas conseqüências.

E porque optamos por História? Em primeiro lugar, provavelmente porque na maioria das cabeças dos alunos pensantes de História passa a pergunta filosófica que, desde o início dos tempos, assola a humanidade: De onde viemos? Onde estamos? Para onde vamos?. Em segundo lugar, porque a História está intimamente ligada à Política, à Economia, à Engenharia, à Filosofia, à Religião, ao Direito e as demais ciências que se relacionam ao comportamento humano. Pensando desta maneira lógica e, que as demais ciências nos perdoem, mas puxando a brasa para nossa sardinha, a História é a mãe de todas as matérias.

Durante estes últimos três anos, lutamos contra o desgaste, a lassidão, os empecilhos do dia a dia, contra os custos nada desprezíveis de se fazer um curso universitário, contra a inviabilidade de projetos e contra nossas próprias limitações. Mas, finalmente, vencemos.

Este dia é o epílogo de três anos de muita luta e a consolidação de muitos anos de aspiração: aspiração de nossos pais, de nossos esposos, esposas, nossos amigos, nossos parentes, das nossas próprias aspirações.

Infelizmente, durante esta marcha, alguns dos que começaram conosco ficaram pelo caminho, talvez por terem claudicado em algumas destas dificuldades que, às vezes, tornam-se intransponíveis.

Mas nós, que seguimos adiante, encontramos pessoas com objetivo comuns, que se tornaram amigos e construímos trincheiras ao nosso redor, tal como as cidadelas da idade média, que muito auxiliou a superar os obstáculos. Descobrimos ainda, que nossas famílias são um porto seguro, que nos deram o incentivo e a compreensão necessária para seguirmos na busca das nossas metas.

Encontramos mestres de indiscutível sabedoria, alguns mais duros e exigentes, mas que nos dispensavam palavras honestas; outros mais maleáveis, com palavras doces e conselheiras. Em ambos os casos, nossos professores nos doaram um legado válido por toda a vida.

Neste meio tempo, alguns de nós acharam amigos, outros acharam amores, outros acharam a si próprios e alguns poucos conseguiram achar tudo isso.

Estamos convictos que não sairemos daqui como senhores da verdade, se é que ela realmente existe, mas sabemos que hoje conhecemos uma boa parte do que, no popular, é chamado de “caminho das pedras”. E este caminho contempla obrigatoriamente os mesmos requisitos até aqui exigidos: luta, dedicação, amor, renúncia, vontade, disposição.

Se este tempo de faculdade pudesse ser transformado em uma novela (e, falando francamente, em alguns momentos até poderia ser confundido como tal...) teríamos uma mescla de cada gênero: Drama, Terror, Comédia, Aventura, Romance.

“Houve também os inesquecíveis bordões, tais como: “Só abrindo uma janela”: “Olhos em mim” ou “Amados”: “exatamente”, “inviável”.

Mas, apesar das semelhanças com um folhetim, tudo isso foi real. Mais do que isso, tudo o que foi vivido e conquistado, já faz parte da nossa História, e ninguém pode nos tirar.

No entanto, devemos ter a consciência de que esta foi apenas uma etapa, e a próxima já começou. Talvez ela seja um pouco diferente para cada um de nós, dependo daquilo que nos propusermos a fazer, mas olhando para trás podemos perceber que apesar das dificuldades para se chegar até aqui, tudo é possível quando se acredita na possibilidade.

Um poeta chamado Antonio Zoppi disse: "Sapiência não se esmola,

deve ser adquirida: na doce vida da escola ou na acre escola da vida".

Hoje, olhando este lindo cenário, vendo nossos professores, nossos companheiros de turma, nossa família e nossos amigos sentados na platéia, vivendo este momento único e insuperável, só nos resta dizer que: Valeu a pena!

Obrigado.

(Encerra com a Música Pescador de Ilusões – O Rappa)

Marcos Sodré
Enviado por Marcos Sodré em 06/02/2008
Reeditado em 14/02/2008
Código do texto: T848384
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