PÁSCOA: ENTRE A CRUZ E O CONSUMO

A Páscoa andou se perdendo pelo caminho.

O que era silêncio e oração virou barulho de propaganda.

O que era fé e reflexão, agora é pressa, fila, compra.

Viramos reféns de vitrines brilhantes que escondem o verdadeiro sentido da vida que renasce.

Tem criança que nunca ouviu falar da cruz, mas sabe de cor a marca do ovo mais caro.

Tem adulto que se esqueceu do Calvário, mas lembra o preço da promoção.

O Cristo foi trocado por um coelho.

A ressurreição por um pedaço de chocolate.

A fé, por um produto.

Mas a Páscoa verdadeira não se vende.

Ela é semente plantada no coração.

É coragem de recomeçar, mesmo depois de tanto sofrer.

É olhar para a cruz e lembrar que ali não houve fantasia: houve sangue, dor, entrega.

Houve amor. Amor raiz, amor sem interesse. Amor de verdade.

Mesmo quem não segue a fé cristã, ou carrega outras crenças no peito, pode encontrar na Páscoa uma mensagem que vale pra todos: a importância de recomeçar, de perdoar, de olhar o outro com compaixão.

Porque mais importante que a religião é o respeito. E quando há respeito, há espaço para a paz florescer.

O nosso povo é de luta, de esperança.

É povo que cai e levanta.

Que carrega fé na palma da mão, mesmo com o bolso vazio.

E é por isso que a Páscoa precisa voltar a ser o que é:

Tempo de refletir, de reencontrar, de abraçar os que ficaram pra trás.

O chocolate derrete. A fé, não.

O ovo quebra. O exemplo de Cristo permanece.

A embalagem vai pro lixo. A esperança fica.

Que a nossa Páscoa seja simples, mas cheia de sentido.

Que a cruz fale mais alto que as vitrines.

E que a gente, como povo brasileiro, volte a lembrar:

não há presente maior do que a vida — e ela já nos foi dada.

Andrade M S
Enviado por Andrade M S em 09/04/2025
Código do texto: T8305747
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