LIberdade.

Em uma terra que havia passado 20 anos sob o jugo de tiranos armados, a liberdade foi finalmente alcançada por meio de uma anistia muito discutida e esperada. No entanto, essa liberdade durou apenas 21 anos. Um velho político trouxe das sombras do inferno um ditador insensível e cruel, que se lançou contra a nação, sufocando a luz e a esperança de todo o país. Sob seu jugo, um homem comum se ergueu, movido pelo ardente desejo de libertar sua nação das garras opressoras. Ele se uniu a uma manifestação fervorosa, onde milhares clamavam pelo sopro vital da liberdade. Mas o ditador, temendo a força do espírito humano, ordenou a prisão de todos os manifestantes, confinando-os como gado, sem distinção ou justiça.

Um militante patriota foi lançado nas profundezas de uma prisão fria e desumana, onde adoeceu. As paredes sombrias da prisão foram testemunhas de sua deterioração, pois a doença, somada à opressão implacável, corroía sua vitalidade. Após meses de sofrimento, ele foi finalmente liberto, mas sua liberdade era apenas uma miragem. No tornozelo, uma tornozeleira eletrônica lhe foi imposta, monitorando cada passo, cada suspiro, como se fosse um criminoso. Sua liberdade era um pássaro cativo, sem asas para voar.

O homem, agora prisioneiro do medo e da vigilância, viu sua saúde declinar. Sem acesso aos cuidados necessários, a doença, cruel em sua constância, levou-o à morte. Ao atravessar o véu entre a vida e a eternidade, encontrou-se em um reino de paz e luz. Ali, um sábio de semblante sereno o aguardava. O homem olhou para seu tornozelo e notou que a tornozeleira havia desaparecido.

— Onde está aquele aparelho que me monitorava? — perguntou ao sábio, a voz carregada de alívio e confusão.

O sábio, com um sorriso que revelava uma compreensão profunda, respondeu:

— Aqui, todos que chegam são livres. As correntes da opressão e da injustiça não têm poder neste domínio. Você está livre, verdadeiramente livre.

O homem, espantado, perguntou:

— E o meu carrasco, onde está?

O sábio respondeu:

— O seu carrasco está junto de todos os outros carrascos, presos dentro de suas próprias consciências.

Alexandre Tito ( Índio)