O VENENO DA EDUCAÇÃO
O sistema educacional contemporâneo está infestado por uma hipocrisia disfarçada de virtude. Em público, vemos figuras que se proclamam defensoras do progresso, da inclusão e da equidade, que enaltecem o respeito ao outro, a compreensão e o amor. Mas, ao mergulharmos nos bastidores desse sistema, a fachada de modernidade e aceitação rapidamente se dissolve, revelando uma mentalidade profundamente retrógrada e preconceituosa. A inclusão que pregam não passa de um discurso vazio, uma máscara conveniente para encobrir seus verdadeiros valores: exclusão, elitismo e uma aversão silenciosa à diversidade e à mudança.
Esses atores do sistema educacional são lobos em pele de cordeiro. Por fora, parecem altruístas e benevolentes, mas, em essência, são narcisistas, egomaníacos e, muitas vezes, movidos por interesses próprios e uma necessidade visceral de controle. Sabotam sistematicamente qualquer tentativa genuína de inovação ou de implementação dos princípios que afirmam defender. Quando confrontados com propostas inovadoras, de inclusão real, de elementos que trabalhem o desenvolvimento socioemocional dos estudantes, de uma educação que realmente acolha a diversidade de pensamento e de origem, rapidamente boicotam, às escondidas, qualquer movimento que ameace o status quo que alimenta seus privilégios.
"Controle", mais uma vez repito. Essa necessidade de mostrar que suas palavras são o ponto final de qualquer discussão ou decisão é o que permeia esses corações inquietos e sedentos por assumir o papel do opressor.
Essa falsa moralidade é mais do que um obstáculo; é um veneno que, lentamente, mina as bases do progresso e a vontade que muitos profissionais possuem de fazer de fato uma diferença positiva. A educação, que deveria ser o terreno fértil para o florescimento de uma sociedade mais justa e igualitária, permanece estagnada, enredada em estruturas arcaicas e viciadas. Esse retrocesso contínuo mantém o sistema educacional preso em uma roda de desigualdade, de vozes silenciadas, onde a meritocracia é apenas uma ilusão e a verdadeira mudança é sufocada por aqueles que, sob o manto da moralidade, agem com uma frieza calculada. Essa dissonância entre o discurso e a prática não apenas prejudica o avanço da educação, mas também perpetua um ciclo de exclusão que aliena e segrega os que mais necessitam dela, "os jovens que iniciam suas vidas".
E é claro, no centro desse sistema corrompido, estão os professores, muitos deles com uma paixão genuína por ensinar e um desejo ardente de fazer a diferença. São profissionais que enxergam o potencial de cada aluno e que acreditam na educação como uma ferramenta de transformação verdadeira. No entanto, por mais que se esforcemos, encontramos barreiras por todos os lados. Somos sufocados por metas burocráticas e indicadores numéricos que transformaram as escolas em verdadeiras empresas, onde o foco não está mais no progresso individual dos alunos, mas sim em atingir objetivos superficiais que atendam às exigências do Estado.
Os professores, que deveriam ser incentivados a inovar, a personalizar o ensino e a fomentar o pensamento crítico, se veem obrigados a seguir padrões rígidos e ultrapassados, orientados por metas de desempenho que pouco ou nada dizem sobre a formação humana dos alunos. As metas que são impostas, ao invés de refletirem a verdadeira missão da educação — o desenvolvimento integral do estudante —, focam em números, resultados imediatos e métricas que não capturam a complexidade do processo de aprendizado.
Nesse cenário, o progresso dos alunos torna-se secundário. "Todos passam de ano" no final das contas. O sistema passa a funcionar como uma engrenagem empresarial, onde o que importa é a produtividade medida em exames estatísticas e plataformas, e não o crescimento intelectual e emocional dos estudantes. A individualidade, a criatividade e as necessidades específicas de cada aluno são negligenciadas em prol de um modelo que visa apenas resultados uniformes e quantitativos.
Sendo assim, nos vemos presos de todos os lados. E os professores que ousam desafiar esse modelo, que tentam implementar métodos pedagógicos que realmente incentivam o desenvolvimento crítico e social dos alunos, são muitas vezes vistos como rebeldes, "que não sabem trabalhar", e suas iniciativas são rapidamente abafadas. O que se impõe é um sistema que silencia a inovação e a paixão de quem quer ensinar de maneira significativa.
Em vez de educadores, tornam-se meros executores de um currículo engessado, sem espaço para a verdadeira reflexão ou autonomia. Estamos sendo reduzidos a cuidadores e monitores, que precisam conter os alunos dentro das salas de aulas a qualquer custo. E, assim, a escola deixa de ser um espaço de crescimento para se transformar em um depósito humano, em uma máquina de produção de resultados vazios, enquanto o potencial de cada estudante e a esperança de cada professor se perdem em meio a um sistema que prioriza as aparências ao invés da transformação humana e social que a educação deveria promover.
Tudo isso é lamentável, e poderia ficar por horas discorrendo sobre as mazelas e hipocrisia da educação. Mas não é certo generalizar. Existem escolas que "dão certo" e é importante ressaltar que nem todo o sistema educacional está irremediavelmente envenenado. Existem gestores e diretores que, ao contrário da hipocrisia predominante, se comprometem verdadeiramente com a missão de promover uma educação transformadora. Esses líderes inspiradores caminham lado a lado com os professores, reconhecendo o valor das suas experiências e a importância de suas vozes. Juntos, eles buscam construir um ambiente educacional que não apenas respeita, mas celebra a diversidade, a inclusão e o potencial de cada aluno. Esses gestores compreendem que a verdadeira medida do sucesso educacional vai além de números e estatísticas. Eles promovem práticas inovadoras e flexíveis, que permitem aos educadores explorar novas abordagens pedagógicas e desenvolver o potencial criativo de seus alunos. Valorizam o desenvolvimento socioemocional, entendendo que uma educação de qualidade deve formar cidadãos completos, não apenas indivíduos que passam em exames.
Com uma visão coletiva, esses líderes são os que me inspiram, nos ajudam a trabalhar para derrubar as barreiras que muitas vezes se impõem no sistema, criando um espaço onde a colaboração, a empatia e o respeito mútuo são priorizados. Eles promovem uma cultura de diálogo e abertura, onde as ideias podem fluir livremente e as inovações podem ser testadas e implementadas.
Essa parceria é um sopro de esperança em meio ao desânimo que nos assola. É a prova de que, mesmo em um sistema repleto de desafios, é possível criarmos um caminho que prioriza o progresso dos alunos e a valorização dos educadores. Embora hoje, minha incredulidade e revolta esteja gritando mais do que nunca, acredito de verdade que esse modelo colaborativo e comprometido é fundamental para o renascimento da educação, e tenho realmente esperanças que ainda "tem jeito" para tudo isso.