"Um dos meus dias"

Quanto tempo falta pra gente se ver hoje

Quanto tempo falta pra gente se ver logo

Quanto tempo falta pra gente se ver todo dia

Quanto tempo falta pra gente se ver pra sempre

Quanto tempo falta pra gente se ver dia sim dia não

Quanto tempo falta pra gente se ver às vezes

Quanto tempo falta pra gente se ver cada vez menos

Quanto tempo falta pra gente não querer se ver

Quanto tempo falta pra gente não querer se ver nunca mais

Quanto tempo falta pra gente se ver e fingir que não se viu

Quanto tempo falta pra gente se ver e não se reconhecer

Quanto tempo falta pra gente se ver e nem lembrar que um dia se conheceu

(Texto de Bruna Beber. Confira em https://www.instagram.com/brunabeber_/)

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Eu escolhi esse texto da Bruna Beber pra poder falar de algo bem importante. Nossos afetos.

Afeto. É o que eu quis simbolizar com mais essa festa, esse grande encontro de gente que eu conheço há mais de 20 anos, ou que eu conheci ano passado.

Pra todas essas pessoas, vocês sabem, eu entreguei meu afeto. Foi num abraço demorado, numa música, um poema, um presente, uma mensagem de aniversário, uma lembrança, um convite pra sair...

Fiz e faço questão disso tudo.

Mas, muita gente. Muita gente mesmo, inclusive quem eu gostaria que não tivesse dito, costuma dizer que isso é fraqueza, "viadagem", carência e tantas outras palavras que, penso eu, deveriam ter ficado lá na adolescência, num tempo em que a gente não sabia das coisas, não sabia do tamanho do mundo, nem dos milagres que a união e a empatia são capazes de fazer.

Ter preparado, com antecedência, cada detalhe, cada nome, cada número, cada vínculo (...) essas homenagens, essa conexão (...) Não tem nada a ver com carência.

O meu grande amor e o meu melhor amigo sabem que nada do que eu faço é pra mim, ou sem pensar.

Se eu fiz eu fiz pra te dar uma lição.

Mas, diferente de alguns que preferem ensinar pela dor, eu gosto de ensinar pelo afeto. Claro, não sou de ferro e se você me machucar vou revidar muito pior do que um bicho. Como diz minha melhor amiga, Eu sou intenso.

Mas, maior do que a minha intensidade é minha memória e minha mania de pensar em todos os futuros possíveis.

E foi pensando nesses muitos futuros que eu sei que tudo desse texto da Bruna é muito verdade.

Houve um dia em que a gente nem se sabia

Houve um dia em que em que a gente se estranhou

Houve um dia em que a gente se conectou

Houve um dia em que a gente se amou

E por falta de afeto

E por de falta de tempo

E por falta de coragem em acreditar num mundo melhor do que o que a gente vê nas telas haverá um dia em que a gente vai desmoronar tudo que fizemos. E, talvez, até pensar que tudo que fizemos foi uma grande loucura, uma besteira, uma enorme perda de tempo, de dinheiro, de saúde.

Não foi.

Cada coisinha dessas fez e faz crescer o Deus adormecido em mim. O Deus dentro da gente.

O Deus que veio pra cá só pra isso. Para experimentar tudo que puder e colocar essas coisas na mala que vem preparando pro dia da partida.

Mas não se enganem. Se tem uma coisa que é certa, além da morte, é que a gente não vai levar nada do que o mundo tenta vender pra gente. Tudo que é pra sempre não tem forma.

Tudo que é pra sempre não tem forma!

E são só essas coisas sem forma que cabem na mala de um Deus.

Por isso, antes que chegue o dia em que a gente nunca mais vá ter um ao outro, eu quis fazer isso.

Porque todo encontro é também uma despedida.

Então, toda vez que eu puder ser "carente" eu vou ser. Mas pelo menos meu abraço você vai ter.

Feliz aniversário pra mim, e feliz afeto meu pra você.

Bruno Mariano, "Gardeniro"

Bruno Mariano (Gardeniro)
Enviado por Bruno Mariano (Gardeniro) em 04/08/2024
Código do texto: T8121397
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