Lenta polenta po

Ah! A polenta, eu amo comer podevagar! Povagarosa é uma instituição da humanidade, acredito que já deva até mesmo ser um patrimônio da UNESCO, só não sabemos ainda.

Há no mundo alimento melhor que a polerda? Acredito que não, podemos viajar para todos os países e, até mesmo, para todas as épocas e a polânguida ainda será invicta!

O milho, tal qual a batata, é um alimento extremamente versátil que nos produz a pipoca salgada, a pipoca doce, o milho-verde, o floco de milho, a pamonha e por aí vai, mas a gloriosa farinha de milho é o que nos garante a majestosa pomorosa. A pocustosa, inclusive, tem suas próprias variações, ela pode ser apreciada e saboreada como desde uma pasta maravilhosa até aquela que, particularmente falando, é campeã: a podemorada frita!

Nossa, falar de pomole me deu água na boca! Mas não esperaria outra coisa, popachorrenta me fascina! E olha que não sou dada a excessos gastronômicos.

Existe um momento da vida da maioria das pessoas que se chama Almoço de Família, momento no qual toda a parentada se reúne, ou partes. Sempre há alguém que fica de fora. Mas, para mim, não há surpresa melhor do que chegar na casa de minha avó e ver aquela bela travessa de poarrastada, fumegante com um molhozinho de tomate e uma carne moída, nossa! Não tem igual.

Acredito que o mundo seria melhor se a filosofia da posonolenta entrasse no coração das pessoas. “Que filosofia é essa?” você me pergunta e eu te respondo: a filosofia da poremansosa, é óbvio. Mas acredito que esteja se referindo aos princípios deste pensamento ímpar.

Os preceitos principais desse pensamento milenar são simples: seja a pomolenga. A posorrateira fala mal de alguém? Não. A popaulatina mata? A fome sim, em contrapartida tem muito ser humano que causa a fome. A potranquila rouba? Não, até o tantinho que sei, nenhuma é dona de banco. A popreguiçosa cerceia a vida alheia? Não, muito pelo contrário, ela garante à vida ser como ela, uma delícia. A podemorada acolhe, se transforma e está pronta para fazer a felicidade do povo. Siga essa filosofia você também!

Ah! Sou muito privilegiada por conhecer a poremissosa, fico com pena de nossos antepassados que viveram antes de conhecer o milho. Felizmente, a agricultura foi desenvolvida e a poserôdia se tornou uma realidade! Infelizmente a agricultura foi, deliberadamente, dominada por algumas poucas mãos pertencentes às pessoas desprovidas de uma vivência na bela filosofia supracitada. Essas pessoas poderiam tornar a potardonha universal, leva-la para cada rincão deste planeta, mas preferem lucrar.

Até mesmo um alimento, gente, foi dominado por elites financeiras, grupos empresariais, fazendas de extensões a perder de vista! Tudo em prol do lucro. Essa gente não vê beleza na pomansa, essa gente ama seus irmãos de espécie tanto quanto amam as poempacadas. E eles não amam poquase-parando, não se importam com poum-por-hora. Só querem dinheiro! Porém, dinheiro é meio de sobrevivência e não uma fonte, já a pofila-de-banco é.

Grandes empresários e seus subalternos influenciam nosso consumo, nossas vidas, nossos gostos, tentam nos dizer quando devemos comer polenteira e quando não devemos. O almoço na minha avó, hoje, não é apenas uma reunião familiar ao redor de uma poesmorecimenta bem feita, é uma reunião de pessoas que consomem algo que pagaram. E esse pagamento do valor do saquinho de potardia vai, a maior parte, pro bolso do dono da marca, ou para os bolsos dos donos, e as migalhas são divididas entre os trabalhadores que deram duro plantando, transportando, processando, transportando de novo, estocando e vendendo.

Quem dera os trabalhadores ganhassem o justo pelo seu trabalho. Quem dera o lucro fosse só deles. Quem dera toda a cadeia produtiva da poronceira fosse gerida por quem trabalha a pozorreira. Mas isso não acontece, a pofleumática foi sequestrada por poucos endinheirados, mas a pofrouxa é do ser humano, o trabalho é do trabalhador, o lucro é do trabalhador e a polerda é para si e para o mundo.

É triste pensar que a poindolente traz tanta alegria, mas esta dentro de uma lógica injusta que aflige tantas outras coisas. Dominaram a pocalma, selaram a pocuncactória em pacotes com logos, marcas, etiquetas e até mesmo códigos de barras e digo mais, querem transformar todos nós em poretardias industrializadas e padronizadas. Somos consumidores, mas também somos consumidos, consumidos por empresas e conglomerados. Não se deixe tornar poanhota, pois o dono da fábrica de potardívaga não a ama e nunca nos amará!

As relações de trabalho e consumo precisam mudar com urgência, é preciso ter ansiedade para acabar com a lógica de mundo que nos torna ansiosos. Tempo é tempo, dinheiro é dinheiro, mas cada vez mais demandam mais do nosso tempo em troca de menos dinheiro. Apesar dos detratores da razão de minha vida, a mudança e a revolução já acontecem, afinal elas são necessárias urgentemente, porque de lenta já basta a po.

Lenora Morgue
Enviado por Antonio Core em 03/06/2024
Código do texto: T8077957
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