Pães e Brinquedos

Não sei quem doava os pães, mas lembro que, sempre na mesma data, no dia 12 de outubro, a criançada marcava presença na igreja do meu bairro, sem necessidade de convite ou insistência dos pais.

Na verdade, eram os pequenos que chamavam os pais, ansiosos e com a barriga vazia, prontos para receber o pão após a missa.

“Formem uma fila”, diziam os responsáveis pela entrega dos pães. Formavam-se duas filas, uma da direita para a esquerda e outra da esquerda para a direita. Mas sabe o que mais divertia os espectadores sentados nos bancos da igreja?

Os espertinhos que recebiam o pão numa fila e iam para a outra. Não podemos julgá-los; eles estavam certos ao dizer que era sua primeira vez na fila, mas mentiam ao afirmar que ainda não haviam recebido um pão.

O que havia nos pães? Boas intenções, carinho, amor pelo próximo, empatia e a missão de alegrar a noite daquelas crianças, que de pouco precisavam.

Aquela massa de trigo fermentada, retirada do forno após alguns minutos de cozimento, fazia os olhos delas brilharem.

Olhando para as lâmpadas acesas, perguntavam: “Quando vai ter de novo?”.

“Só no próximo 12 de outubro”, respondiam.

E se acha que eles só recebiam os pães... Ah, desculpe. Omiti que, além da barriga, o coração também era preenchido de alegria.

Sabe os brinquedos velhos que você ou seu filho têm, que você encontra na rua ou vê sendo jogados fora em sacolas de lixo? Eram recolhidos e, como um bom cirurgião operando nos casos mais graves, restaurados por mãos talentosas, que não ganhavam um centavo por isso.

Eles coletavam os brinquedos, limpavam, trocavam as rodinhas e voilà! Carrinhos de brinquedo novinhos em folha para o sorriso do menino moreno que recebia das mãos da bondosa pessoa não apenas um brinquedo, mas sim, o seu primeiro brinquedo.

E como seu bucho já estava cheio, carregado de energia fornecida pelo pão, era hora de experimentar, junto com seus amiguinhos, o seu mais incrível carrinho!

Claro que os outros também ganhavam, mas cada um com um brinquedo especial, pois, apesar de às vezes os presentes serem iguais, a reação e a felicidade dos presenteados não eram.

Tinha aqueles que gritavam, outros já corriam, pulavam e, sem falar daquele mais dramático, que chorava de felicidade.

Não sei para você qual é o significado dessa data, mas para mim, seja o Dia das Crianças, seja uma data comemorativa religiosa, o importante é fazer o próximo sorrir. E não só nessa data, mas em todas.

O dia 12 de outubro, porém, nos dá a oportunidade de relembrar essa linda missão. Se você ainda não a aderiu, faço a seguinte e séria indagação: “O que você está esperando para dar ou doar um presente a uma criança?”

J P S BEZERRA
Enviado por J P S BEZERRA em 28/05/2024
Reeditado em 28/05/2024
Código do texto: T8073590
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