O que é o ópio do povo?
Com frequência ouvimos a frase “a religião é o ópio do povo”, analogia que Karl Marx fez no ensaio “Crítica da filosofia do direito de Hegel” em 1844.
Porém, bem antes disso, em 1797, o Marquês de Sade disse: “É ópio que você faz seu povo tomar, para que, anestesiado por esse sonífero, ele não sinta as feridas que você lhe rasga.”.
O que Karl Marx e o Marquês de Sade “esqueceram” de dizer, uma frase de Étienne de La Boétie do seu livro “Discurso da servidão voluntária” de 1548 pode ajudar a explicar: “Um povo se escraviza, corta sua própria garganta quando, tendo a escolha entre ser vassalo ou ser homem livre, deserta suas liberdades e assume o jugo, dá consentimento a sua própria miséria, ou melhor, aparentemente a acolhe.”.
Os governos historicamente sempre se empenharam em subjugar as populações e estas por outro lado, se oferecem para serem escravizadas e exploradas, talvez por medo da liberdade e pavor de assumir responsabilidades.
O Estado oferece, em troca da submissão voluntária, “proteção” e “assistência social”. Isso no “faz de conta”, porque o que temos na prática é “Nós não podemos roubar, mas o governo pode. Nós não podemos matar, mas o governo pode. Nós não podemos falsificar dinheiro, mas o governo pode. Nós não podemos sequestrar nem praticar fraude, mas o governo pode.”.
Modernamente, os governos, sejam de qualquer cor ou forma, são escolhidos pelas populações para serem seu carrasco e o ópio vem na forma de religiões, política, ideologias, cervejinha, tira gosto, futebol ou drogas de fato.
Os que costumam ficar repetindo a frase de Karl Marx fora do contexto, geralmente são ateus ideológicos que pregam que o mundo só vai superar seus problemas no dia que as pessoas deixarem de ser religiosas, ou seja, são alguns dos propagandistas voluntários a serviço da miséria espiritual desejada pelos governos.
Essas pessoas, em geral são as mesmas que aplaudem o fim do Direito que está em andamento nas sociedades ocidentais e cinicamente empunham a bandeira da extinção das religiões e de Deus como único recurso contra o atraso material e social.
Elas pregam o totalitarismo em nome da democracia e o retorno a pré história da civilização em nome do progresso.
Se pretendemos realmente ir a fundo na origem dos males, temos que abandonar o medo de nos confrontarmos com a realidade, assim talvez cheguemos a conclusão que essa origem tem dois polos que se atraem, de um lado os governos e de outro as pessoas que querem ser escravizadas e no meio temos a “conversa flácida para acalentar bovinos”.