A trabalho no mundo
A idéia a fixar-se, da imortalidade, carece vigilância, empenho e exercício.
A programação mental é recurso de que o homem dispõe para a eficácia e sucesso nesse empreendimento.
Afirmar-se é semear a idéia. Viver é fazê-la crescer, medrar, resultando bons frutos.
A tolerância excessiva consigo relaxa o caráter e leva à aceitação da impossibilidade, a qual poderia ser substituída por dificuldade.
Inexiste vitória sem luta ou esforço, legitimada pelo mérito.
O valor da felicidade é cara porquanto permanente, não obstante conquistada por método imponderável, em cotação de essência e qualidade.
O homem invigilante facilmente sucumbe ou desiste da proposta de superação de si mesmo, de seus limites.
Com armas incompletas do conhecimento, que deve ser holístico, torna-se vulnerável a influências de um mega-ambiente em que se situa.
Sem treino da afirmação de ser imortal, sofre influência das correntes mentais de encarnados quanto de desencarnados, agindo em cumplicidade, sem o suspeitar, graças a sugestão alheia.
O empenho, é de sua iniciativa buscar e ampliar o conhecimento, à sua disposição, que lhe complementa a noção e visão acerca da vida não somente material, mas também espírita. Na atualidade falece a justificativa do lugar-comum: eu não sabia, por inexistência da informação ou material informativo. Na vasta seara do Cristo, o espaço ocupado e arado pelo Espiritismo, todos podem dispor dessas informações de modo a tornar conhecida a situação que nos aguarda no outro lado da vida, sempre conforme a nossa conduta no presente.
Note-se o paradoxo em sofrer influências de natureza material advindas de homens desencarnados. Entre a terra e o céu há o infinito. Morrer não significa desencarnar, vindo a ser Espírito rumo certo e definido à casa da boa ventura, à direita de Deus-pai. Espanto e perplexidade já houve nos primórdios das mensagens mediúnicas, autorizadas pelo "MEC" do mundo espiritual, quando foram relatados aspectos e condutas comuns, dos homens sem corpo carnal, coincidindo com os nossos hábitos, ou seja, sem solução de continuidade, em que pese mortos para a nossa dimensão.
O exercício da imortalidade verifica-se em atitudes que a identificam naqueles que são a luz do mundo, o sal da terra.
Internalizar a eternidade é fruto do hábito.
A espera da morte para a transformação necessária é erro de cálculo com conseqüência de decepção.
A dicotomia que produz coarctaçao, responde pelo drama e sofrimento humanos, no respaldo da idéia de perda.
A (crença na) unicidade da existência motiva o homem a depositar as suas fichas, pretensões e esperanças para aquém da morte. Ele se concebe no limite determinado da dimensão do mundo material, este contido, mas entendido como continente.
O desejo de ficar para sempre contra a brevidade inexorável de existir gera o mor conflito no ser, o que muitos conseguem disfarçar, resistindo com mecanismos de fuga; a morte é a grande neurose da sociedade ignara.
A apreensão e conscientização da pan-realidade modifica admiravelmente a expectativa e conduta do homem no mundo.
A oração e a informação em prol da cultura holística, auxiliam-no a manter ou alinhar-se com a (sua) realidade eterna.
Deve saber que está de passagem pelo mundo, no interesse espiritual de crescimento; que o trabalho é o meio para colimar a pretensão com bom êxito; que esse labor é a problemática criada pelo Espírito nele encarnado, a qual é capaz de solucionar; que se encontra em estágio em verificação de aprendizagem e cumprimento ao que planejou no estado de erraticidade, entre outras informações.
Desta forma o foco de sua motivação sairia da transitoriedade secular, evitando o apego e a neura do desejo insatisfeito. Não se arrefeceria em virtude de sua posição no mundo, qualificando-se humilhado, tomando por modelo de competição o outro, uma vez que cada um vivencia uma situação-problema que em nada altera o status do Espírito imortal, legatário das heranças do Pai, que as distribui de modo equânime. Não mais busca excessiva de títulos e glórias efêmeros, mercê do orgulho; de arrecadação exorbitante com vistas a imprevistos no futuro (egoísmo camuflado), por estarmos a trabalho no mundo e que o mais é secundário.
Com muita lucidez e inspiração a bela poetisa Cora Coralina considerou: de real e permanente o amor e o trabalho. Quando o Espírito encarnado tomar a si esta verdade: sentir-se uniformizado na oficina da Terra em carga horária pré-determinada, sem dúvida fará sua profilaxia que o imunizará da ilusão sedutora da matéria em fuga; abrirá as cercas da finitude, favela erguida erroneamente no próprio espaço da eternidade. Não viverá papéis nem dramas. Nada o ferirá, melindrará, porque a trabalho no mundo, nenhum objetivo senão o de enriquecer o próprio currículo, aproveitando as ocorrências, mas qual ser en passant na (oficina da) Terra, sabe que a sua casa, a qual volverá (concluídos os afazeres, despido o uniforme gasto em labor, o seu corpo externo carnal) situa-se na espiritualidade.
Entretanto, importa considerar que a maturidade espiritual transcende, estando entregue aos atributos do tempo no curso das eternidades. Jesus, o sublime pastor, há testemunhado paciente e amorosamente, a conversão lenta e individual do seu grande aprisco.