DISCURSO DE POSSE - GLAUCO MATTOSO
Academia Brasileira de Sonetistas Academia Brasileira de Sonetistas ABRASSO apresenta (Discurso de posse) os sonetos magníficos do grandioso confrade GLAUCO MATTOSO:
DISCURSO DE POSSE [6842-D]
Confrades academicos: Honrado
me sinto como membro, na cadeira
que exalta Madragoa, mas Zeus queira
que eu possa, como o Lobo, honrar meu fado!
Meus septe mil sonnettos para aggrado
não são de moralistas, si mal cheira
a satyra que escrevo. Na cegueira,
tornei-me mais vulgar, pois me degrado.
Zeus queira que eu não quebre esse estatuto
nem fira as instrucções do regimento,
pois como fescennino me reputo!
À moda antiga grapho, mas, si enfrento
as normas de ethiqueta, assim eu lucto.
Fiel ao Lobo, o verso oppuz ao vento.
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RISONHA ALLEGORIA [8597-B]
Eu, quando fiquei cego, ouvi que ria
a turma que foi, antes, minha amiga.
"Azar o seu!" é coisa que se diga?
Alguem alli, porem, teve empathia.
E disse que eu pensasse na magia
mais negra, com fervor fizesse figa,
até que entrasse para alguma liga
catholica: "Chamou Sancta Luzia?"
Chamei. Não funccionou a minha prece.
Disseram não haver mais quem pudesse
salvar-me: "Se estrepou, Glauco! Um abbraço!"
Depois de tantos annos cego, um dia
voltou Sancta Luzia à allegoria
do bardo, que ingressou hoje na ABRASSO.
GLAUCO MATTOSO
Cadeira n° 35
Patrono - António Lobo de Carvalho
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Nota: Texto fixado conforme as normas do systema
etymologico vigente desde a epocha classica
até a reforma orthographica de 1943.