VICIADO
Sou algo dependente em dores, mesmo que não sejam minhas as tomo
para mim com tal possessividade que é impossível discernir quem sofre.
Não me apareça com nenhuma forma de lamento, nem doença, ou
queixa se quiseres senti-los sozinho.
É um tipo de necessidade de cura pela divisão.
Submeto-me aos seus problemas de uma forma tão visceral que sentirá
em mim a dor que existia antes em ti. E isso é um bálsamo...para você.
O que me resta é um conjunto de dores indistinguíveis de vários donos
diferentes que se sentem aliviados pelo fardo dividido.
Dores que somadas são bem maiores do que as individuais de cada
proprietário anterior, mas eu sou o culpado. Sou o viciado em tentar
curar nem que seja me adoecendo.
Quem é que sente mais que o que sente muito?
Qual é o maior sentido se nem dor tens sentido?
Nessa levada do sentir sentimentos vou seguindo sendo muito de
muitos nem que seja na dor.