O lado mofado das redes sociais

Notei, com grande tristeza e constrangimento, que um grande amigo, falecido ainda em 2016, recebe, até hoje, calorosas, e numerosas, felicitações de parabéns pelas redes sociais, a página fica entupida; completamente preenchida. Há todos os tipos de sujeitos desejando vida longa, saúde, sucesso profissional e tantas outras coisas.... Uns se referem a ele como amigo ou colega amoroso, e o mais bizarro de tudo isso é que não sabem, sequer, que ele não esta mais entre os vivos. Ok, se considerarmos, de forma otimista, que uma parcela talvez saiba, isso só mostra como as redes nos tornaram automáticos, autômatos. A pessoa vê uma notificação de aniversario e responde com uma felicitação genérica, desprovida de intenção e sentimento genuínos sem se atentar minimamente ao alvo da congratulação. Isso me dói muito.

Alguns poderão argumentar que os parentes próximos poderiam ter desativado a rede depois do falecimento ou ter feito algum tipo de restrição de comentários e, bom, isso é verdade, mas não é a questão principal. Essa situação remete há algo muito maior: a superficialidade das relações virtuais e de como grande parte dos "laços" ali são desprovidos de substancia, conteúdo real. Acontece que até a pior espécie de colega acaba sabendo, por algum meio ou por intermédio de alguém, quando voce morre. Diante disso, não há como deixar de refletir sobre o tipo de gente que temos em nossas redes.

Tudo isso levará a diversas questões: Quantidade versus qualidade? É um dos pontos, definitivamente. Outra questão, senão a mais importante: De todos os seus "amigos" virtuais quantos de fato você conhece ou trocou qualquer espécie de interação? Mesmo que fugaz? Que tipo de relação foi estabelecida nesse contrato social formalizado? Qual é a utilidade daquele(a) amigo(a)/seguidor(a) para você?

O mês de abril não esta tão longe,( fevereiro deu hoje o seu olá), e resulta daí que serei obrigado, uma vez mais, à assistir ao circo de horror anunciado... Refleti bastante e tomei uma decisão: alterei o meu nascimento para uma data fake nas redes sociais e assim que os dias me levam para próximo desta data eu torno a muda-la... Desta forma nunca faço aniversário (risos). Não me interessa as felicitações automáticas, vazias e de relações públicas. Receberei somente daqueles que realmente me conhecem e isso, sinceramente, me basta.