Pronunciamento 31 de dezembro de 2022
Nos últimos meses, tenho sido invadido por um conjunto de sentimentos, os quais têm me concedido força para seguir o projeto político que venho esboçando. Projeto que não se resume apenas a um partido político. Há muito mais. Verdade seja dita, o ano inteiro de 2022 foi dedicado sobretudo ao meu aperfeiçoamento. Pois do meu aperfeiçoamento pessoal, iniciado no mês de janeiro, construí um ambiente mínimo para avançar em outras searas. A eleição do candidato do PT, no mês de outubro de 2022, fez surgir em mim uma veemente inquietação. “Como após o havido, chegamos até aqui?” (Ciente, a tantas, que mesmo após a ditadura do Estado Novo 1937-1945, o povo decidiu eleger novamente Getúlio Vargas presidente da República em 1950, esclareceu-me em partes essa questão). A partir dessa questão tenho me dedicado praticamente exclusivamente a vasculhar e conhecer elementos sobre, em síntese, a história político-social brasileira. Tem sido difícil construir uma organização de estudos, mas creio que tenho conseguido formar um conjunto de informações que hoje forma uma rede de conhecimentos, um embasamento que me faz entender o que nos trouxe até aqui enquanto sociedade, e não nos olvidemos de que a política é apenas mais uma face desse polígono que é o processo civilizatório. Infindáveis leituras, que me ocupam quase o dia todo, e documentários sobre a história e sobre a política do Brasil. Assim tenho passado os dias. As leituras e os documentários mesclam-se, em momentos são dever, em momentos são lazer. É com isso que me ocupo. E gosto muito de lidar com esse material, não o vejo como um fardo, para mim é prazeroso conhecer elementos do meu país. Tenho aprendido muito. De tão integrado com esse projeto, não me queixo do tempo que passo envolvido com ele, aperfeiçoando-o. É um projeto ambicioso, tenho ficado inquieto sobre a dificuldade do Brasil em de fato acontecer como civilização, não como um corpo social apenas. Estudando história, a política brasileira, conhecendo fatos, observo que pouca coisa avançou, verdadeiramente. O meu marco temporal inicial por enquanto é 15 de novembro de 1889, dia de um golpe republicano. Não é toda história do Brasil, mas o escolhi por se tratar do início do período republicano que vigora até os dias de hoje. Sou, sobretudo, um inquieto (O Processo nominativo de conhecimento, elaborado por mim, demonstra isso. Não pelos conceitos enquanto meros verbetes, mas especialmente pelos elementos de constituição destes). Um inquieto, um curioso, um estudioso, um pesquisador. Não me conformo em estar em um país que mesmo abundante, vive com as migalhas de si mesmo. A mim não me parece justo – nem mesmo crível em um primeiro momento - que, mesmo com a Constituição de 1988, ainda haja dados, números públicos, que evidenciam o quão subdesenvolvido somos. Nesse contexto, aliás, nesse universo, dei foco àquilo que considero a base de um país, a educação. E não se trata de mais um slogan de campanha, mais um discurso vazio. Eu foco na educação, e dentro dela, na alfabetização. Aproximadamente 30% dos brasileiros são analfabetos funcionais. Com esse dado, muita coisa se explica sobre como chegamos até aqui. Pois o meu compromisso é especialmente para mudança dessa realidade. A educação é prioridade para mim, e dentro dela, a alfabetização. Tenho problematizado uma questão comigo mesmo: Se, dizem, a “esquerda” domina o ambiente escolar/universitário e sendo o Paulo Freire o patrono da educação no Brasil, como que sobrevém o citado número? Ou a metodologia dele não foi aplicada, e deveria, face o ambiente propício às ideias dele, ou a metodologia dele foi aplicada, e simplesmente não funciona (Fico impressionado com a capacidade no Brasil de se insistir nos erros. É um apego muito infeliz fruto de um orgulho, o orgulho da própria ignorância. Pois desapeguemo-nos das nossas crenças e sejamos pragmáticos).
No primeiro caso, surge a questão: Por que não é aplicada? Ainda não tenho resposta. No segundo caso, diante da constatação de que mesmo aplicada não funcionou, isso é, não foi validada pelo tempo, há que se então propor outra metodologia (É preciso descer da torre de marfim e ter a dignidade de reconhecer: Não funcionou, sigamos). Diante disso, pergunto-me onde está a “direita”. Se ela tanto critica o Paulo Freire, por que não foi capaz de apresentar algo melhor em quase quatro décadas? Ainda, também, não tenho resposta. Se, por causa da alegada dominação da “esquerda” no ambiente escolar/universitário, por que não cria uma base intelectual para disseminação da metodologia que entende certa em outros ambientes? Só a esquerda produz cultura no Brasil? Por que a “direita” não produz a própria cultura? Se produz, onde ela está? Hoje, especialmente o YouTube, fornece um espaço para que qualquer um, qualquer um mesmo lance seus vídeos. Eu me incluo nessa com o meu canal público nessa plataforma. Pois a “direita” deveria reunir-se, encontrar denominadores em comum de um projeto de Estado. Chega de oba-oba republicano. Livros direcionados às famílias, apresentando as diretrizes claras do que defende e livros apresentando novas metodologias de ensino, de aprendizagem (Pierluigi Piazzi escreveu livros sobre isso, cuja leitura – e autor – considero imprescindíveis). O que a impede de fazer isso? Vejo como que burgos de pensamento, no bom sentido do termo. Falta capilaridade, isso é, falta uma propagação dessas ideias, desses projetos. É tempo de construí-la. Nesse passo, vejo, a questão mais ameaçadora aos passos dessa “direita” são as potenciais discórdias entre suas frentes na defesa de biografias pura e simplesmente e mais, na busca pelo protagonismo. A busca pelo protagonismo de biografias dentro da “direita” é a sua maior ameaça, e deixo isso registrado aqui. É preciso, sustento, um projeto que seja maior que qualquer biografia, especialmente qualquer político eleito. Sobre a “direita”, na questão de seus primeiros passos, sustento que ela não avançou, verdadeiramente, porque a sua hegemonia pautou-se em meros costumes. Fazendo um retrospecto histórico, observo algo esparso e rarefeito. Que desgraça. E os resultados dela são públicos. Olavo de Carvalho tem previsões nesse sentido. Verdadeiros voos de galinha. Não critico por criticar. Abomino essa prática rasteira. Venho sempre, ou quase sempre, com propostas. A grande questão a embalar os primeiros passos da “direita”, especialmente pós outubro de 2022, defendo, é partir de princípios. Esse verdadeiro ancoramento está nas referências bibliográficas. O refúgio que abriga e dá guarida. Como um literário, afeto aos livros, a meu ver a mais democrática das ferramentas que podem libertar a humanidade de sua ignorância, e especialmente da ignorância de nós mesmos enquanto indivíduos (seres pensantes e protagonistas de nosso próprio processo civilizatório), defendo que os tenhamos por perto, por muito perto. Na dúvida, consulte os livros, consulte mais de um livro, se o autor lhe parecer tendencioso, mas não faça disso um argumento para afastar-se deles. A verdadeira revolução, lenta e silenciosa, como eu a concebo, tem os livros como ferramentas inseparáveis. Hoje, constam na minha pauta de leituras mais de 200, em várias áreas, como além das citadas, filosofia, sociologia, pedagogia, ciência política e filosofia do Direito. É, bem abrangente, reconheço, mas me propus a conhecer antes para a partir desse meu Universo de conceitos que se expande em grandes proporções nos últimos meses ter a mínima capacidade de propor algo, de trazer projetos a fim de possibilitar, ao fim, um ambiente político propício ao debate de ideias e a construção de um pensamento crítico nos brasileiros. Vou aos poucos, em uma cadência não atabalhoada. É o ritmo que se mantém mais importante que a velocidade que se alcança.
Não sou o dono da verdade, não quero sê-lo. Não espero por um tapete vermelho aos meus pés. Sou, como dito, um inquieto que se propõe a fazer. É o mote da geração 94 (nome dado por mim aos brasileiros nascidos na geração de 1994 que, também inquietos como eu, procuram não apenas criticar, mas apresentar propostas concretas para um Brasil melhor, sendo, sobretudo, a personificação da mudança que esperam no próximo, em uma das lições de Gandhi). Sobre esse grupo, ele não se queixa dos outros, não delega responsabilidades nem culpa terceiros. Os integrantes desse grupo reconhecem-se como os protagonistas do próprio tempo, chamam para si as responsabilidades e enfrentam as circunstâncias como desafios. Persistem. E sendo desafiados, aprimoram-se. E aprimorando-se, aprimoram o Brasil. Levará tempo, é verdade. Mas não temos pressa. Queremos e fazemos passos lentos, porém firmes. Sabemos o que precisa ser feito e estamos, dia após dia, fazendo o que está ao nosso alcance. O fatalismo não pertence a esse grupo. É esse grupo, especialmente a juventude cristã brasileira, que vai liderar o processo de “Reconquista do Brasil”, deixo o registro aqui. Seremos humilhados, ofendidos, até perseguidos, mas as críticas pululam no Brasil que também por isso está onde está. Pois que sejam todos os empecilhos um combustível a alimentar nossos propósitos. Lidemos com isso. Sejamos imparáveis. A crença, aliada à ação, concede-nos a certeza da vitória. Se não colhermos os frutos das sementes, não nos lamentamos, pois, como anteriormente dito, esse projeto transcende a figura de qualquer biografia. No sentido figurado, considero-me uma locomotiva. A muito custo uma locomotiva sai da inércia, mas uma faísca na caldeira inicia o incandescer do combustível que faz da água, vapor. E vapor é pressão. A pressão mecanicamente canalizada que é transformada em movimento. E tal qual a locomotiva em movimento trafega sobre dois trilhos de ferro, eu trafego sobre a humildade intelectual e a humildade espiritual. Ambos são imprescindíveis para o meu movimento. Faço-o, pois creio que deva ser feito. Faço um panorama do relevo político brasileiro, e constato: Preciso fazer algo, do jeito que está não pode continuar. E se continuar, eu não serei conivente com a manutenção dessa constatação. Somos o que pensamos e somos também responsáveis pelas consequências do que escolhemos (e não escolher é também uma escolha). Trato as pessoas como seres pensantes. Se não o são, introjeto mínimos elementos, inquieto-os. A questão é fazê-los, sobretudo, conscientes de sua própria individualidade. Antes, sustento, de se falar em consciência de classe, a meu ver é obrigatório falar-se em consciência de individualidade. Penso, logo existo, do Descartes. Pois eu, dessa máxima, digo: Penso – como indivíduo -, logo existo. Pois pensemos como indivíduos e pensemos como um conjunto de brasileiros. Sou um defensor do debate, da construção de ideias. Somente a partir de ideias oriundas de diferentes fontes poderemos de fato criar um senso crítico. Leiamos Paulo Freire e também leiamos Olavo de Carvalho. Não me venham com cercadinhos ideológicos. Às favas com os cercadinhos ideológicos. Sou um rebelde, um perguntador. Conheçamos o que a humidade produziu e a partir disso, pensemos e reflitamos. Sigamos esse processo civilizatório. Se não, criemos um novo processo civilizatório. Melhor ou pior poderá ser construído, mas ao menos algo foi feito. Nesse ritmo, não nos dissociemos da história. Façamos dela uma consulta frequente, para que os erros de outrora não sejam repetidos. Estou confiante do meu projeto e penso estar fazendo algo certo, reitero, fazendo algo pelo Brasil. O tempo dirá. Aguardá-lo-ei. Há muito a ser feito, especialmente porque podemos considerar que há uma centelha de um novo processo civilizatório em curso.
Somente a partir de um ambiente social, e portanto político, haverá condições necessárias para a realização de um pensamento crítico, sem maniqueísmos e especialmente sem fanatismos (Se persistirem, que não nas proporções pré-eleições presidenciais em outubro de 2022, que por muito pouco não nos levou à guerra civil). Sobre esse tema em específico, afirmo que o Brasil é maior do que qualquer político. E afirmo mais: O Brasil não se resume em 04 anos. Há um país que implora para que os brasileiros, vou repetir, os brasileiros cuidem dele. E como se faz esse cuidado? Com cidadania, com a dimensão de que o Brasil não é de ninguém, é de todos os brasileiros. Que aprendamos em 01/01/2023 que se um político eleito não nos agrada, que temos que ter a competência de difundir as nossas ideias e que tenhamos a capacidade de vencer as eleições. Tenhamos, pois, a humildade de reconhecer erros e prontamente esboçemos o que queremos mudar em 2026. O projeto iniciado em 2018 se mostrou falho. Reconheçamos isso. Estudemos os erros, reconheçamos os equívocos e aperfeiçoemos – ou comecemos do zero – um novo projeto político. Não nos olvidemos de que a democracia brasileira não é liderada por um cargo vitalício. Por mais que não gostemos, recorrer ao golpismo é uma atitude infeliz e até ingênua. Fica o ensinamento de que é preciso mais profundidade, é preciso mais certeza de nossos atos, atos que devem ser tomados tendo a história como nossa conselheira. Conhecer a história do Brasil para os brasileiros é uma obrigação, que não se limita às salas de aula. Deve ser feita nas casas, nos lares. A ignorância de nossa própria história é um dos causadores do fracasso que se desenvolveu. Espero que as eleições presidenciais de outubro de 2022 sejam uma grande escola para muitos brasileiros. Não é para se lamentar e ficarmos de braços cruzados. É preciso fazer. É preciso entender a dimensão dos acontecimentos. E aqueles que buscam culpados, que se olhem no espelho. A soberba em não reconhecer os erros vai afundar os projetos para 2026. Que tenhamos vergonha da nossa ignorância e que diante dessa constatação procuremos saber, sejamos inquietos. Dado o desastre eleitoral, vai levar tempo para organizar as ideias. Vai, sobretudo, exigir muito daqueles que se propõem a serem de fato uma oposição. Essa oposição começa nas casas, nos lares. Mas que não seja uma oposição “de garganta”. Que entendamos o nosso real papel e a partir desse entendimento entendamos que é preciso preparar o terreno antes de plantarmos as sementes das quais esperamos os frutos. Pois, “vida é luta renhida que os fracos abate e os fortes, os bravos só pode exaltar” (Gonçalves Dias, em Canção do tamoio). Defenderemos nossas ideias com argumentos. E com argumentos, independente da ideologias, iremos conseguir dar passos firmes na caminhada de um Brasil melhor. Um ambiente que tenha bom-senso. Unamo-nos a essa empreitada audaciosa e desafiadora, mas não impossível. O futuro é o que ousamos (Carlos Lacerda). Para os fatalistas, fiquem onde estão, observando o mundo ao redor e limitando-se a criticar, a apontar. O Brasil acontece e é feito por aqueles que se negam a ser menores do que o espaço que ocupam na sociedade. Temos uma boa terra e somos uma boa gente. Só precisamos criar essa consciência. E não nos esqueçamos: Espera o Brasil que todos cumprais o vosso dever. Eia sus, ó sus! Conto com você nessa luta, luta que não acaba em 2023. A luta já começou. E se não começou, começa amanhã, em 01/01/2023, uma luta que vai nos acompanhar por toda nossa vida. Que Deus os abençoe.
Ednardo C. Benevides, em 31/12/2022