Um discurso para todos
É muito difícil fazer um discurso falando sobre o que deveríamos fazer a respeito de nossas vidas mas, pensando bem, por que não tentar falar sobre o que podemos fazer para que nossas vidas sejam diferentes, especialmente agora, que este ano de 2022 está acabando e, no ano que vem, começaremos com um novo presidente? Muitas são as incertezas mas, ao mesmo tempo, também há muitas esperanças de que tudo melhore. Claro que nada melhorará instantaneamente, visto que há muitos problemas com os quais o novo presidente terá de lidar, porém precisamos sentir esperança e também pensar que, se quisermos que as coisas melhorem para nós, temos de começar a fazer a nossa parte em relação a nós mesmos. Claro que falar é mais fácil do que fazer, no entanto temos de tentar fazer algo em vez de ficar apenas falando como queríamos que nossas vidas fossem ou reclamando e pensando apenas no que não temos.
Uma coisa que costumamos fazer são as típicas promessas de Ano Novo. E é comum que não cumpramos tais promessas. Então, que tal se, em vez de fazer promessas, começássemos agora mesmo a fazer o que achamos que precisamos fazer para sentir as coisas fluindo de maneira positiva na nossa vida? Dar o primeiro passo pode ser difícil então uma boa dica seria: foquemos nas pequenas coisas. Podemos tentar arrumando o que está bagunçado, começando a praticar uma atividade física, a ler os livros que há tempos estão guardados na estante em vez de ficar comprando mais livros, dar as roupas que sabemos que nunca iremos usar. Caso tenhamos sonhos (pequenos ou grandes), podemos anotar para, no ano que vem, fazermos um curso de informática, de língua estrangeira ou qualquer outro curso que tenhamos em mente, até porque, no fim de ano, não há mesmo nenhuma matrícula aberta.
É natural sentir medo do que o futuro pode nos reservar, principalmente nos tempos inseguros que vivemos, mas guardemos em mente que somos nós que construímos nosso futuro e que, se quisermos que nossa vida mude, temos de mudar a nós mesmos. Claro que a mudança não precisa ser grande nem de um dia para o outro. Ela pode ser feita de forma gradativa, aos pouquinhos. Podemos iniciar um curso de aperfeiçoamento, tentar mudar o que sentimos que atrapalha nossa vida, adquirir hábitos mais saudáveis, aprender a não reclamar e agir para que as coisas melhorem, dar mais valor às pessoas que estão ao nosso lado, investir em nós. Tudo depende de nós. Se você quiser consultar um tarólogo ou cartomante, tudo bem. Porém lembre que quem cria seu futuro é você.
Quanto ao nosso modo de agir, o que podemos dizer que temos de aprender e fazer para sermos pessoas melhores? Uma coisa que se pode dizer é: nunca seja arrogante pois, quando nos tornamos arrogantes, nós terminamos por não reconhecer nossas falhas e deixamos de nos aperfeiçoar. Você também deve ser o primeiro a reconhecer o seu próprio valor e entenda que uma pessoa que sempre dá a entender que você não é especial e importante não vale o tempo que você gasta com ela. Seu tempo é precioso demais para você gastá-lo com alguém que não lhe dá o devido valor. Claro que todos nós, especialmente se não temos autoestima, podemos cometer o erro de mendigar afeto e, se você percebe que está perdendo tempo com quem não lhe valoriza, tome a iniciativa de se afastar dessa pessoa.
Não tente impressionar ninguém contando vantagens ou inventando aptidões que você não possui, pois a verdade nunca deixa de vir à tona e você passará por um grande constrangimento quando descobrirem. Seja autêntico, expresse sua opinião sem tentar impô-la, respeite quem pensa diferente, não ofenda os outros mesmo que eles estejam errados até porque agir assim só fará você passar por alguém estúpido e ignorante. Quando quiser contestar alguém, use de argumentos inteligentes. Isso só fará com que sua opinião seja respeitada.
Jamais se diminua por causa dos seus erros e defeitos. Lembre que a imperfeição é parte da condição humana. Ao errar, procure descobrir o que fez você errar. Isso fará com que você aprenda e se aperfeiçoe. Não diminua os outros quando eles errarem e dê a entender que eles são capazes de fazer coisas maravilhosas se lutarem para se aperfeiçoar. Nunca chame alguém de estúpido ou incapaz porque, com certeza, você não gostaria que fizessem isso com você. Diminuir uma pessoa não é a mesma coisa que uma crítica positiva. Enquanto a crítica positiva visa a fazer a pessoa refletir e tomar as medidas adequadas para evoluir, a negativa dá a entender que ela é incapaz.
Não fale como se fosse dono da verdade, já que todos nós somos ignorantes e temos um ponto de vista limitado. Aliás, evite falar como dono da verdade principalmente quando o assunto for política ou religião. Não sabemos qual é a verdade. Aliás, não sabemos nem mesmo se existe uma verdade única e imutável. Vivemos em uma sociedade altamente mutável e muitas coisas que tínhamos como verdades absolutas foram superadas. Se temos nosso ponto de vista, expressemo-nos sem tentar impor aos outros. Ninguém é obrigado a concordar conosco e precisamos admitir que podemos estar errados. Caso alguém discorde de nós, se a discordância nos desagrada, temos de admitir que tal pessoa está no seu direito de discordar.
Nesses tempos de Youtube, em que tantas pessoas criam canais e falam sobre seus pensamentos e pontos de vista, tornou-se comum pessoas entrarem para atacar o administrador do canal e criticar de forma negativa seus vídeos e lives. Não façamos isso. O canal de uma pessoa é o espaço particular dela e ela fala o que quer. Imaginemos o canal de um católico. Ele o cria para outros católicos, não para evangélicos ou ateus. Então, por que você entraria no canal de um pai de santo para dizer que não acredita em orixás ou que exus são demônios? Se você não gosta do canal de alguém, não assista. Do mesmo jeito que um pai de santo cria um canal para quem acredita em orixás, um médico escreve um artigo para outros médicos, não para engenheiros ou advogados. Sejamos racionais e não fiquemos fazendo bullying contra quem pensa diferente.
Sejamos compreensivos com quem tem ideias retrógradas e admitamos que certas pessoas, por mais que tentemos argumentar, nunca irão admitir que o mundo não funciona conforme suas ideias. Mesmo que elas estejam erradas, é perda de tempo tentar mostrar a elas que as coisas não são como elas pensam. Então, não nos estressemos com coisas que não valem o desgaste emocional.
Para quem pensa em ter filhos, seria bom gravar na mente que um filho não é como um animal de estimação, pelo qual você será responsável enquanto ele viver. Os pais precisam evitar cair na tentação de superproteger. Superproteção causa insegurança e impede os filhos de se desenvolverem plenamente. Outra coisa que os pais ainda têm de lembrar é que não devem mimar demais, tratar os filhos de forma diferenciada ou prender em demasia, tratando filhos crescidos como se fossem crianças pequenas. Obviamente, falar é muito fácil e filhos não vêm com manual de instrução, mas seria bom que todos os que pensam em ser pais lembrassem que a superproteção e o excesso de zelos são tão nocivos quanto a negligência e a permissividade. Os pais não deviam chamar os filhos de burros ou inúteis nem dar a entender que os filhos são errados e não são bons o bastante. Os filhos precisam sentir que os pais acreditam neles. Do mesmo jeito que os pais devem respeitar os filhos, os filhos devem respeito aos pais. O respeito deve ser mútuo.
É uma pena que, nos tempos de hoje, não se dê valor ao professor. Todos os jovens, crianças e adolescentes, deveriam ter respeito pelos professores que, afinal de contas, estudaram duro para se tornar capazes de transmitir conhecimento. Embora tudo mude, o respeito pelos professores não deveria ter mudado como mudou e hoje vemos alunos agredindo os professores. Não que se defenda a volta da palmatória. O que se defende é que o professor devia ser respeitado como o transmissor de conhecimentos que ser tornarão úteis para os alunos no futuro.
Quanto a conselhos, o que mais podemos dizer? Cuidemos da nossa saúde, senão pagaremos um alto preço quando estivermos mais velhos. Sejamos afáveis, façamos bons amigos e nunca esqueçamos que amigos não são apenas para nos divertirmos e passarmos momentos agradáveis. Sejamos solidários com os que nos cercam mas não nos permitamos ser explorados. Aprendamos a ser divertidos.
Reclamar das coisas é um direito nosso, entretanto não façamos disso um hábito ou nos tornaremos pessoas insuportáveis. Do mesmo jeito que queremos ser ouvidos, temos de aprender a ouvir. Quando alguém estiver falando conosco, aprendamos a dar atenção ao que a pessoa fala. Todas as relações humanas têm de se basear em saber dar e saber receber.
Enfim, talvez muita gente não leve este discurso a sério, mas seria bom que alguém que venha a lê-lo lembre de uma coisa muito importante: você tem de ser o primeiro a investir em você e a trabalhar no seu aprimoramento pessoal.