MANIFESTO LITERÁRIO

A seguir vão constar livros que me rodeiam. Indico eles para que aqueles que procuram começar suas leituras encontrem um ambiente fértil, estimulante às ideias, e sobretudo, ao pensamento crítico. Lê-se não para concordar, mas sobretudo, para conhecer, é como um veículo para o até então desconhecido. O livro é, no mais, uma ferramenta, não é um fim em si mesmo. O livro nos entrega enredos, fatos, institutos, enfim, entrega-nos um conjunto de elementos que, após conhecidos, formam o ponto de partida para a criação de pensamentos. Pensemos. O que faz de nós sermos quem somos? O que fez com o que o Brasil fosse o que é hoje? Que caminhos o país tomou enquanto sociedade em formação? Por que o país ainda padece, e questões sociais básicas permanecem ainda não vencidas? Leiamos, busquemos os fatos, façamos da nossa própria história uma amiga íntima. Na questão social, sustento, o livro enquanto criação da literatura é ferramenta indispensável para o caminhar do processo civilizatório brasileiro. A educação é um gênero amplo, e sustento que ela se materializa quando fomenta e se utiliza dos livros. É um genuíno processo de civilizar, pois coroa o ser humano enquanto ser racional, pensante. Não há que se falar em civilização, nem mesmo educação sem a utilização dos livros. Livro, reitero, ferramenta que traz elementos que estimulam a capacidade de pensamento, o verdadeiro processo crítico. Ainda que autores utilizem o livro para disseminar suas crenças, o qual não vejo como uma problemática, cabe somente ao leitor concordar ou não, mas até mesmo para isso ele prescinde do processo de leitura, especialmente porque uma crítica bem fundamentada é aquela que obrigatoriamente cita elementos constantes do que se leu. Nessa linha, os fanatismos não se multiplicam, pois tem como natureza intrínseca o “não processo de leitura crítica”. Piores do que os dogmas, eles simplesmente se aceitam, sem nem mesmo entender o conjunto de elementos externos e anteriores que os fundamentam, exatamente por isso comungam apenas com uma exclusiva linha de raciocínio, verdadeiro maniqueísmo. Os fanáticos não leem, apenas concordam. Repito. Os fanáticos não leem, apenas concordam. A leitura, como dito, é um processo ativo, participativo. Não se lê para decorar o que está escrito. Leitor é leitor, armazenador é armazenador. A diferença principal entre os dois é que o leitor permite-se impregnar, permite-se transformar pelo que acabou de ler. Nesse universo, portanto, quantidade não é qualidade. O verdadeiro leitor não busca armazenar informações, ele busca verdadeiramente conhecê-las para transformar-se. Esse é o papel da leitura, um democrático e crítico e processo de revolução. Revolução enquanto movimento que vem das bases da pirâmide social. A verdadeira revolução. O Brasil deve, se de fato quer avançar na caminhada civilizatória, estar íntimo das leituras. Todo brasileiro insatisfeito com os atuais rumos da república deve ser um leitor, uma criatura inquieta que procura, autonomamente, conhecer a constituição de seu povo e como as classes sociais interagem entre si. Muito do Brasil se explica quando essas questões são enfrentadas. É o espírito de insatisfação, mas sobretudo o espírito de curiosidade aliado ao espírito de necessidade de mudanças que embala essa busca, busca que não trará resultados no curto prazo. Penso que isso não será um incômodo, visto que o recente voo de galinha é a prova cabal de que é preciso algo mais profundo, mais denso para de fato transformar esse país. Sigo fazendo o meu papel de inquieto, lendo, procurando, assistindo e compartilhando o que aprendi sobre a história do Brasil e seus agentes. Faço o que acredito, isso como um fim em si mesmo. Posso crer que, assim como eu, estão surgindo pessoas igualmente comprometidas em formar uma nova atmosfera política, um novo ambiente social para o Brasil. Brasil que nasceu com vocação para ser grande e hoje, aliás, há tempos, vem se contentando com migalhas, migalhas de si mesmo. Não permitamos que essa situação se perpetue. Para aqueles que creem que o país está em ótima forma, que não despontam desgastes institucionais críticos, que fiquem com seus entendimentos. Sigamos cada qual o seu caminho. Creiamos cada qual no que acreditamos. Por fim, reforço a figura do livro como ferramenta indispensável no processo de educação brasileiro, no verdadeiro processo de civilização. Esse processo não pode ser feito atabalhoadamente. É preciso tempo para refletir, tempo para “ruminar” e digerir o que se leu. Sejamos nós, pois, os protagonistas dos rumos do Brasil e fujamos do que chamo de institucionalismo: “instituições pelas instituições apenas”. Entendamos o nosso papel enquanto brasileiros e sobretudo como cidadãos. Não podemos continuar delegando a cidadania às instituições, puramente. É preciso o exercício da cidadania pelos cidadãos, do qual são inarredáveis as referências bibliográficas. E termino fazendo um apelo: Todo e qualquer que se preste a enaltecer a ignorância, que se orgulhar de ser um ignorante deve ser posto de lado. Busquemos as figuras que constroem, que aprimoram, que incentivam a cultura e o conhecimento em nosso país, busquemos não os que apenas criticam, mas busquemos aqueles que de fato fazem pelo nosso país. Esse é o mote: Fazer pelo país. Ednardo C. Benevides, 26/11/2022