PRIMEIRA INFANCIA, SEUS DESAFIOS E PECULIARIDADES
Todos vocês que estão aqui tem crianças entre zero e seis anos. Todos sabem a importância do cuidado com cada uma delas. Coração aflito é coração dos pais com filhos doentes, não é verdade?
No entanto, muitas vezes a gente se apega demais em um determinado cuidado e falhamos em outros. Uma infância saudável precisa de estímulos e interações. Um bom desenvolvimento infantil é fundamental para termos adultos saudáveis em todas as áreas da vida.
Hoje estamos aqui para falarmos da primeira infância, seus desafios e potencialidades. Mas o que seria essa PRIMEIRA INFANCIA?
A primeira infância é o período da vida que vai da gestação aos seis anos da criança. Ou seja, inicia ainda na barriga da mãe e se prolonga até os seis anos.
Durante a primeira infância o desenvolvimento é muito acelerado. Os primeiros três anos são determinantes para o desenvolvimento emocional e cognitivo de uma pessoa. Nesse período (da gestação aos três anos) o cérebro da criança passa por uma fase intensa de amadurecimento e tem uma grande capacidade de absorção. É como uma esponja, vai absorvendo tudo que vê, ouve, sente, toca. Por isso, é preciso muito cuidado com os estímulos nessa fase (principalmente traumas e situações negativas). É o período que as sinapses (conexões dos neurônios e sua comunicação) se desenvolvem por meios das interações que estimulam todos os sentidos da criança. O desenvolvimento do cérebro da criança já está a todo vapor desde o útero. A partir da 25ª semana, o bebê já consegue ouvir e interagir com o ambiente externo à barriga da mãe.
Dos 4 aos 6 anos, a criança já tem mais autonomia. Já consegue se expressar. Fazer várias coisas sozinhas. Já entende melhor um comando. Seu desenvolvimento está mais centralizado em coisas especificas. A busca de conhecimento do mundo já está mais complexo, pois já entende de rotinas, das coisas que pode e não pode fazer. É o período em que já conhece o mundo que a cerca e está formando sua personalidade. Nós como pais, professores, sociedade, governantes temos por dever diante dessa criança de oferecer ambientes seguros, cuidado, proteção, interações saudáveis, saúde e educação de qualidade.
A Educação tem um grande papel na primeira infância. Desde o momento em que a criança se adentra no espaço escolar, todos os âmbitos escolares devem estar comprometidos em fazer desse local um caminho para o melhor desenvolvimento de cada criança. A qualidade de vínculos que a criança estabelece com familiares, cuidadores, educadores e ambientes construirá a base sobre a qual um complexo processo de conhecimento do mundo se erguerá. Assim a Educação é parte do conjunto de iniciativas que podem amparar a criança na primeira infância.
É imprescindível sabermos que cabe, não somente aos pais, mais também aos governantes e sociedade criarem condições favoráveis para desenvolvimento de nossas crianças. Porque uma infância sem cuidados afeta negativamente o cérebro delas. O que se vive no período de 0 a 6 anos, deixam marcas positivas ou negativas que serão sentidas na vida futura.
Situações recorrentes que acontecem em nossa primeira infância e que são desafios para vencermos e que se não vencidos afetaram nossas crianças para o resto da vida. Quantos de nós passamos por coisas em nossa infância que prometemos que nunca faríamos como nossos filhos, e quando se dá conta, lá está você fazendo exatamente a mesma coisa? Brigas, gritos, surras, falta de diálogo, entre outras coisas que passamos em nossa infância que não queremos levar pra dentro de nossa casa e terminamos levando, mesmo sabendo que o efeito daquilo não foi bom pra nós e nem será pra nossos filhos. Uma palavra pode marcar nossas vidas enquanto adultos, imagina efeito delas em crianças que ainda não tem maturidade para lidar com elas. Um grito, uma palavra mal falada, um momento de raiva, de estresse, tudo pode afetar nossas filhos de uma forma irreparável. A falta de cuidado com a saúde, alimentação, vestimentas podem causar traumas irreparáveis. Falta de apoio, atenção, falta de carinho, amor, zelo emocional, a falta de acolhimento em situações de dor e medos podem causar transtornos de ansiedade, sensação de abandono, insegurança nas crianças que as transformarão em adultos com baixa autoestima, nada saudáveis, inseguros e dependentes.
Quando uma criança passa por situações de risco como: violência (seja física, emocional, psicológica ou sexual), desnutrição, negligência dos sentimentos e cuidados básicos, falta de acesso a educação de qualidade, entre outros... Podem ter um efeito devastador e diminuir assim as potencialidades que uma criança poderia desenvolver.
Assim como temos situações que se as crianças na primeira infância tiverem, poderão se tornar adultos saudáveis, plenamente desenvolvidos, seguros e autônomos. Como por exemplo quando uma criança tem acesso ao cuidado, afeto, nutrição, interações com adultos, acesso à educação e saúde de qualidade... Com o estímulo certo, isso pode ajudar o cérebro da criança a desenvolver seu potencial máximo.