A TEMPESTADE NA VIRADA DO SÉCULO

Na virada do século

procuro, sem nada ver de diferente.

Com certeza minha visão não é mais a mesma,

cego de sanção pelo glaucoma imposto.

As tempestades e tormentas sem nexo avançam sem pudor.

Bonecas de vitrine e carros assexuados competem.

Uma vaca foi levada pelo ciclone, junto com uma picape e um cara, lançados a onze quilômetros de distância.

Atônitos, perdidos, daltônicos.

Com certeza já estamos derrotados.

Gerações acabam e outras começam.

Na intersecção, guerra travada, não por riquezas, mas pelas mentes, o maior campo de batalha existente.

O que antes se encarava em guerras, agora só me resguardo pra não ter que enfrentar meu próprio tribunal e ter meu veredicto culpado.

Queima de arquivo, não!

Consciência iluminada,

Não podem cortar minha energia elétrica.

Não é pra eles que pago.

Meu winchester é indelével

E a memória R.A.M incupável

Hoje visto uma roupa preta.

Negra de luta e de luto.

Melanina 250% acima.

E declamo neste dia, até pelos cotovelos, o que acredito.

Sem peso nem culpa.

Sem que alguém possa me acusar de estar errado.

Só existem dois lados:

O branco e o preto.

A luz e a sombra.

Relâmpago e trovão.

Estou em um dos lados, sem maquiagem e batom.

Nem me disfarçar pro baile.

Sim, eu vejo o outro lado.

Mas exercendo meu papel de impávido.

Todo mundo que não se decidiu ainda, se esconde em cima do muro.

Lá tem uma brecha do tamanho do mundo.

Mas eu nunca a encontrei.

Nem estive lá, jamais!

Meu lado é o lado de cá.

E tem gente aqui do mesmo lado.

Mas se tomasse vergonha na cara não era pra ter saído do lado de lá.

Então sei onde me escondo, que não me encontro no meio da dobra do avião.

Nem em vôo que uma ponta da asa toca o céu e a outra toca o mar, o corpo titubeia e não sabe onde está.

Não!

Meu corpo se encontra onde está minha mente e o coração.

E daí eu tiro o bom tesouro!

O mal assola, permeia, destrói

e começa pela mente,

Pela alma,

Pelo coração

O corpo é o de menos,

Pois indiferente à vontade, um dia há de se prostrar e apodrecer.

A alma não.

Vai ser ré por causa do corpo e nem vai poder usar o mesmo como álibi no tribunal.

O mau ronda e se disfarça em quatro cores.

Decerto não se perde a moral, ela existe, só não é obedecida ao pé da letra, só a libertinagem.

Os corpos de antigamente e de hoje.

Perdidos e arquivados no armário de porta-arquivos.

Em sigilo se enrroscavam pelas madrugadas.

E hoje festejando em carros alegóricos temporãos, em plena luz do dia.

Mais do que a cobiça.

Mas o despertar, trás seu julgamento de alma prisioneira.

Só espera a guilhotina decepar o pescoço e mais nada.

Depois se afogará no próprio vômito lançado fora.

Vejo garotas e garotos envolvidos nessa história.

Já não são tão ignóbeis.

Perderam a inocência.

Não forçada, nem violentada.

A deram de livre e espontânea vontade.

Fraco céu de ondas amargas e nuvens de concreto pesam, esperando o colapso de cair sobre os crânios das cabeças já cortadas.

Os corpos acéfalos rejeitam a roupa de anjo, que os próprios anjos ofereceram

Roupa de anjo, inocente e celestial.

Rejeitam porque de céu eles não têm nada,

só de inferno.

Protestam ter suas identidades reveladas e asseguradas.

Mas não adianta, terra de cegos e reis cegos, todo mundo sem olhos

e ninguém erra!

O sangue já não circula mais, coágulo talhado,

empedrado de razão,

com coração selvagem enjaulado,

mas solto a ponto de fazer um estrago.

Já não dá mais pra viver de nostalgia.

É hora de ancorar os sentidos e o intelecto na razão.

Firmar-se convicto e apenas confirmar-se ser o que se é então.

Assegura-se salvo-conduto aos que vieram do século passado, mas que mesmo assolados pela tempestade desse século vigente

vão tocando a marcha,

veteranos que até podem se molhar,

Mas voltar atrás jamais,

Sempre avançam pra frente!

10/06/2022

14:15hrs

Selton A Jhonn s
Enviado por Selton A Jhonn s em 11/06/2022
Código do texto: T7535558
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