Discurso do Encontro da Família Chapadeiro 2022
Encontro da Família Chapadeiro
01/05/2022
Há 63 anos lá estávamos nós, meu padrinho Zé um jovem de 20 anos e eu um bebezinho com alguns meses de vida. Ele então foi convidado a me batizar para que não morresse pagã. No cenário estavam nossos pais, irmãos e irmãs que a tudo testemunhavam e agora não podem testemunhar mais nada, pois partiram e devem ter formado outra família Chapadeiro lá no céu. Acho que meu pai e minha mãe sentiram solidão e os chamaram um por um e nas conversas deles devem ter achado que não nos faria falta. Estavam enganados, pois Juscinha com sua doçura partiu primeiro e nos deixou perplexos sem entender nada até hoje; Josias logo depois e esse sim eu tenho uma teoria, porque Deus ia deixar uma pessoa tão sábia, inteligente, com um coração tão generoso em meio a tanta maldade, desarmonias e arrogâncias? E acho que Deus sabia que ia precisar dele para acolher ou outros que viriam depois; Joaquim foi o terceiro a ser chamado por causa da simpatia, do bom humor, sem ele o céu estava muito sem graça; Zé Novo, esse Deus não podia ter levado de jeito nenhum, era um poço de bondade, corajoso, destemido e como fez falta por aqui; depois foi a Jacira que para mim era muito mais que uma irmã, era uma das minhas mães já que a verdadeira me deixou tão cedo, ela era a que só sabia dar amor, a base familiar que construiu e os valores que deixou de herança aos filhos é admirável; Jaci era aquela que se pudesse abrigava todos que sofriam embaixo do seu teto e nunca achava que era demais, um modelo de pessoa seguido até hoje por muitos, dentro e fora da família; Joanita, essa Deus chamou porque achou que merecia um lugar melhor, era um ser humano maravilhoso que só ajudava aos outros, uma deusa segundo seus filhos, lutou bravamente para ser feliz; João Luiz o mais velho, um exemplo a seguir, o sorriso franco, seus conselhos certos, a dignidade, seu caráter impecável, lutou mais que todos para viver, mas nunca deixou aparecer seu desespero, sempre calado, vez ou outra deixava escapar um sorriso, jamais uma lágrima; José Bigode foi o mais recente, sua ausência ainda dói muito, não poderíamos esquecê-lo mesmo que quiséssemos, mas não queremos, porque foi o mais presente na vida de todos. A falta que faz e o vazio que deixou a saudade imensa. E só restamos nós Geracina e eu que um dia fizemos parte dessa grande família Chapadeiro, Brandão, Pinho, ou Farias, os sobrenomes se confundem, mas a história bonita é a mesma. Somos descendentes do Pedro Luiz Brandão ou seu Pedro Chapadeiro, um homem respeitado, o contador de histórias, catireiro, festeiro, o conselheiro de muitos, uma lenda em sua região, exemplo de honestidade, dignidade, sabedoria e bom coração; Dona Lopicina, quem a conheceu não a esquece, cada filho tem um pouquinho da sua força e determinação, esse bom coração que nem todos sabem de onde vem, foi sua herança para todos nós. O pouco que sabemos sobre ela é mais que suficiente para sentir saudades. Hoje aqui reunidos estão os Pinhos, Farias, Bernardes, Lima, Santos, Aranha, aqui na casa dos Silva que nos enchem de carinho diariamente e que estão nos acolhendo e a quem vamos agradecer com uma salva de palmas.
Joana José Brandão Aranha