Eu também vou reclamar…
“mas é que se agora pra fazer sucesso, pra vender disco de protesto, todo mundo tem que reclamar, eu vou entrar também nessa jogada… e vamos ver agora quem é que vai guentar!”
Escrevo com um único fim, fazer parte do mar que analisa, escava, detalha e toma as minúcias de um ato. É fato que não há não lugar para o sujeito, ou, não há meio termo, não há como se tornar isento. Todavia, não há lugar fixo ao sujeito, tomados pela compulsão da fala esquecemos que as coisas não funcionam na ordem de Descartes, as coisas podem ser e não ser, prefiro Platão, as coisas participam.
Poderia aqui examinar de onde vem essa mania de opinar, até mesmo concluir que tudo isso é um constructo do capitalismo, a produção de verdade através do exame e da escavação de todo e qualquer ato que aponte uma fuga ao poder. Deixo isso pra Foucault, que sem dúvida o fez melhor que eu, ou aos foucaultianos que julgam ser possível fundar uma escola de pensamento do filósofo francês.
O que desejo é soltar palavras soltas, não quero nenhum entendimento de quem lê, ou mesmo reflexão aprofundada sobre o acontecimento. Não creio na vã possibilidade da existência de um ato se sustentar sem o pensamento, mas, faço referência a esse mínimo momento do acontecimento, milésimos antes de ser assimilado, de dar sentido, de ser escrito ou inscrito no sujeito. O que quero é isso, um texto vazio, para que não o complete de palavras, termino.
Sustento aqui através dessa impossibilidade, unicamente para referenciar uma frase banal: pra que tanto exame?
Comentadores do mundo, uni-vos! Lá vem a nova polêmica! Segurem as canetas, afinem os teclados, limpem a lupa! E eu também, vou reclamar!