O Poder Positivo do Mal-Entendido nas Relações
Vivemos uma realidade de “rede social” em tudo, independentemente de serem laços de amizade à longa distância, semipresencial ou presencial.
Qualquer mensagem sempre envolve emissor e receptor, pois esta é a regra mais básica da comunicação.
Muitos de nós (da velha geração) às vezes NÃO nos comportamos como sendo do tempo em que um professor analisava uma redação e dava um parecer sincero, que poderia servir para agradar ou para moldar o poder de escrita do aluno — pois todos sabem que a geração de alunos do tipo “mi-mi-mi” deste Século XXI não pode ser contrariada pelo professor, e vice-versa: o professor não deseja que o aluno pense por si. É a construção de um mundo em que o “ego” deve ser afagado, numa via de mão dupla. Ou pior.
Não existe mais aquilo conhecido como “Dialética” (tese-antítese-síntese), pois a tentação é: “aceite o que eu digo, como eu digo”... ou... “se não concorda comigo eu te cancelo”.
No conceito saudável, tese é a afirmação. A antítese é a negação da tese. A síntese é a negação da antítese ou negação da negação (CONCEITO UNIVERSAL DE “DIALÉTICA”). Sem isso, a comunicação não é verdadeira por se tratar de mera guerra de conceitos ou simplesmente... confronto (se até não for um monólogo, onde apenas um dos lados parece ter autoridade para falar).
A capacidade de se formular uma síntese parece estar perdida... ou ainda se perdendo, se for para dizermos o mínimo sobre esse fenômeno da criação de facções.
Assistimos a uma guerra que, quando não é de narrativas, é de sobreposição de egos.
Pois bem.
O título deste meu texto fala de uma bênção escondida por detrás de tudo isso — ou “por trás” da adversidade gratuita referida.
A bênção “disfarçada” eu resumo no seguinte:
— Se tudo provoca fissuras, feridas e ressentimentos... você sempre esteve só.
Estar “só / isolado(a)” é melhor do que estar falsamente acompanhado(a).
Você poderá facilmente notar que um amigo verdadeiro (ou colega de turma verdadeiro) é livre para realçar no outro virtudes e defeitos. Deveria ser. Mas tem gente considerando que uma crítica construtiva é “bullying” ou ódio (já inventaram que isso se faria até em “gabinete”, quando quem diz isso já está igualmente destilando ódio).
Resumindo, toda aquela comunicação que se parece com “rede social” já nasce preparada apenas para “joinhas” ou simples manifestação de “gostei”. Ninguém precisa achar que isso seja um mal sinal, caso isso aconteça — e vai acontecer muito. Pois isso, na verdade, é um sinal de que a pessoa estava só. Repito: a pessoa estava só — nem bem nem mal acompanhada.
Isso é positivo. Você está só, se por acaso se reproduzirem tais inconsistências em sua vida.
Isso é pior do que a companhia ao lado ser “pouco virtuosa”, pois uma má companhia pode vir a ser um dia uma boa companhia por causa da “influência”, que é uma via de mão dupla. Já o fenômeno social que menciono é o de “nunca” se ter tido companhia, mas um mero e frio “acompanhamento”.
Fico satisfeito se alguém pelo menos “acompanhar” meu raciocínio, desde que não seja “friamente”. E, quando eu errar no meu ponto de vista, que eu não venha a descobrir que todo tempo eu estava só — como numa gélida e artificial “rede social”.
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Da série: “Tu estás ‘só’. E ao ‘SÓ’ voltarás.”