Quem sou eu, quem é você, quem somos nós?

A vida. Nem sempre quem está vivo tem vida. Enquanto alguns que já morreram, tem suas memórias vivas através de ideias e ações que o perpetuam por gerações. Pode-se matar uma ideia? Sim. Se o autor morrer com ela entalada, por medo, insegurança, receio da não aceitação; constrangimento causado por criticas, zombarias e o que é muito comum em nossos dias: virar meme.

Muitas pessoas escrevem textos maravilhosos e os apagam ou jogam fora, após rasgá-los por medo de serem vítimas de zombarias, ou mal interpretado por um crítico altamente desqualificado à criticar qualquer coisa. Lembro que a primeira vez que mostrei um texto a um parente direto, após ela (uma tia), aplaudir, perguntou-me: - De quem é essa letra? respondi cheio de orgulho: -É minha... Ela replicou: -Mentira! Você, não tem capacidade para isso. Sai frustrado, mas não me abati, porque já havia encontrado a aprovação e admiração fora do reduto familiar e de pessoas que eu acreditava ter mais importância para o que eu queria fazer e alcançar do que ela.

Onde há rejeição, costuma-se facilitar o encontro casual da aceitação. Nem sempre é o que esperamos ou de fato precisamos, mas é o que queremos. A falta de reconhecimento é frustrante, mas frustração ajuda a melhorar o caráter ao mesmo passo que pode ser um veneno mortal para o ser. Sem reconhecimento, qualquer um desanima, se enfraquece ou desiste. E as vezes desiste mesmo.

Realmente a vida é muito complicada do modo como a conduzimos ou como nos a apresentam. Mas, a escolha é minha. A escolha não é sua. Sou eu quem devo dirigir minha própria vida não outra pessoa. O que serei eu sem ser eu mesmo? Quem é que mais pode conhecer meu coração que eu mesmo? Só eu posso me permitir frustrar, alienar, corromper, me submeter ao que condeno... Eu não tenho que aceitar uma mentira só para me sentir incluso em alguma coisa fora da minha vontade. Tá bom! Essas ideias revolucionárias não vão te levar a lugar nenhum. E quem disse que eu pretendo chegar a algum lugar? Quero apenas ser uma ponte; uma fonte; um terreno gramado; um copo de água fresca; o feijão que complementa o arroz cozido; a linha que da a agulha de costura algum sentido; a placa de siga em frente; a lâmpada que confunde o norteamento de um inseto; o paradoxo; o louco; eu!

Ubiratã Pinto