E agora, Mané? (Parafrase)
E agora, Mané?
O ano velho acabou,
O ano novo chegou,
O amigo partiu,
E o sol não brilhou,
E agora, Mané?
E os parentes, cadê?
Você que tem fome,
O alimento que é pouco,
Você no universo,
De alimentar-se tem pressa,
E agora, Mané?
Está sem comer,
O dinheiro é curto,
O amigo sumiu,
Já não pode rever,
As ondas do mar,
Banhar já não pode,
A água esfriou,
O gás que não veio,
De sonhos está cheio,
E busca um meio,
De vencer mais um dia.
O feijão azedou,
A fartura sumiu,
O reveion acabou,
O ano novo surgiu,
E agora, Mané?!
E agora, Mané?
Tem saudades de Lavras,
Da caça da lebre,
E também do mutum,
Só tem sua hipoteca,
Sua botina de couro,
Seu bastão de cedro,
Tem sua inocência,
Tem sua crença - E agora?
Com a enxada na mão,
O plantar lhe conforta,
Com a fome a porta,
Produzir: agora importa!
Mas o comunismo chegou,
E plantar já não pode,
E suas filhas meninas,
São meninas do cais,
E agora, Mané?
Se você lutasse,
Se você procurasse,
Se você contestasse
O político circense,
Se você dominasse,
Se você merecesse,
Se na luta morresse...
Mas você merece?
Você é fraco, Mané.
Está sozinho agora,
Ao Brasil foi ingrato,
Com essa mania,
Da culpa não ser sua
De a si enganar,
E sem ter seu projeto
Culpando o governo,
Você segue, Mané?
Mané, para onde?!