Escravos do sistema
Enquanto a festava rolava lá fora, com o título de campeão da Libertadores da América pelo Palmeiras silenciando toda a massa rubro-negra, eu aqui desse lado trabalhava, porque se eu não ralar ninguém vem me dar de mão beijada o meu sustento. Alguns estão na diversão, nas noitadas da vida para desopilar da rotina sufocante.
Mas eu já sai, fui ali me divertir, mas como um escravo do sistema, não posso fazer muito. Devo me contentar com o que eu posso viver. Nem ter algo concreto, nem ter um investimento, uma bagagem cultural o tempo não me permite. A vida social foi perdida e a idade avança e o tempo não para e a inteligência conquistada se esvai. Se perde no destino construído por meio de sonhos que não se realizam. Sonhos que ficam nas madrugadas mal dormidas. Nas viradas de noite inebriados em pesadelos por não te ter.
Não te ter lazer. Não poder comtemplar os parques, shows, jogos, noites românticas de primavera. Viagens possíveis e sonhos impossíveis.
Roubados somos pelos ricos e afortunados e egoístas apostadores da bolsa de valores, um mundo invisível no mercado de ações, que nos modela e nos torna peça perfeita de uma engrenagem inútil.