COLAÇÃO DE GRAU 1998 DA ESCOLA AGROTÉCNICA FEDERAL DE SOUSA-PB
DISCURSO COLAÇÃO DE GRAU 1998 DA ESCOLA AGROTÉCNICA FEDERAL DE SOUSA-PB
Caros afilhados,
Após três anos de convívio deixas para enfrentar novas batalhas. Não sabemos se encontrastes o que viestes buscar; o mínimo que vos capacita à abertura de novos caminhos que levam a enriquecer vossos conhecimentos, temos certeza que vos oferecemos.
Concordamos com a afirmação do Presidente da Academia Brasileira de Letras, Arnaldo Niskier, quando afirma que não se deve buscar na Escola somente a formação profissional, mas também a cultura humanística, de que andamos divorciados pela apologia indiscriminada dos eventos ligados à sociedade da informação. Fiquemos tranquilos, pois sabemos que aprendizagem é um processo dinâmico, e quem pelo seu caminho envereda, terá sempre novas surpresas, novos problemas a equacionar, não dando oportunidade a que se pare dentro do tempo.
Principalmente, no atual cenário, o mundo foi varrido por mudanças profundas. A revolução científica e tecnológica, enquanto fato global, mudou os paradigmas de produção e transformou, radicalmente, o cotidiano das pessoas. A rápida evolução nos padrões de comunicação e a aplicação universal da informática geraram um formidável impacto sobre a produção e circulação de bens. Mudaram os conceitos de tempo e espaço e, portanto, também de aprendizagem. Aprender a lição passou a ser pensar, criar, imaginar e não memorizar apenas.
Caros concludentes o que dizer a vós nesta noite de vitória?. Segundo um dos mais respeitados estudiosos das relações de trabalho no Brasil, José Pastore, o ideal, nem é preciso dizer, seria poder continuar estudando, mesmo depois de adquirir um ponto no mercado de trabalho. É bom ter em vista que a tendência do mercado é exigir profissionais prontos para se adaptar a novas tecnologias, novas formas de organizar o trabalho. Uma pessoa de bom senso, com lógica de raciocínio, que saiba se comunicar e entender o que é comunicado a ela, capaz de transferir conhecimentos de uma área para outra, disposta a trabalhar em grupo, versátil, dinâmica, apta a acompanhar o ritmo do desenvolvimento.
Com relação à movimentação dos setores econômicos do mercado de trabalho brasileiro, imagina-se que nos próximos dez anos o setor industrial, que hoje responde por 19% da economia nacional, deverá cair para 15%. Mas a participação da construção pesada tende a aumentar, dentro desse segmento. O Setor agrícola, hoje com 26% de participação, também deve diminuir, para cerca de 17%. Nesse segmento, irão crescer as atividades ligadas à proteção ambiental. O Setor que vai aumentar sua atividade é o de serviços, para o qual se estima um crescimento dos atuais 55% para 67%, abrindo, desta forma, boas perspectivas para os profissionais dos nossos dois cursos: Técnico em Agropecuária e Economia Doméstica.
É mais do que necessário estarmos atentos. È fato que a tecnologia avança em velocidade meteórica, criando uma demanda por talentos inexistentes e instigando mais desigualdade social. Se nos anos 70 uma inovação industrial deixava de ser novidade em 02 anos, hoje esse tempo foi reduzido a seis meses, sem falar na área de informática, onde uma tecnologia pode ser superada em 06 semanas. Segundo alguns especialistas, as novas tecnologias provocam uma avassaladora reestruturação da produção mundial, mas acreditam que é difícil dizer que provocam desemprego.
Para muitos, as tecnologias destroem e criam empregos. No Brasil, por exemplo, o emprego no setor bancário diminui 50% no período 86 a 96. Certamente automação pode ser responsabilizada por tudo isso. No entanto, deve-se a automação pode ser responsabilizada por tudo isso. No entanto, deve-se a automação, também novas oportunidades de trabalho nos campos da informática e das telecomunicações.
A vitória que hoje alcançastes não significa a última das batalhas, nem marca a luta mais árdua; outras mais renhidas a advirão.
Não há felicidade onde se faz presente a fome. Não progride o povo em que ao lado das mesas fartas outras permanecem vazias. Não se desenvolvem as nações onde corpos esquálidos de crianças marcam o presente da subnutrição.