Crônicas de um salão de beleza
Ontem eu fui ao salão de beleza para cuidar dos meus cabelos.
Meus cabelos são compridos e louro. Então, é um pouco fatigante.
Mesmo sendo homem, não corto meu cabelo há três anos.
O meu cabelo é naturalmente anelado, porém há química nele.
Dessa maneira, ele necessita de cuidado constante e periódico.
A grande multiplicidade das mulheres aprecia ir ao cabeleireiro.
Neste ambiente, nós podemos presenciar e testemunhar de tudo.
Primordialmente, bate-papo e falatório. Eu contemplo tudo.
É um âmbito de espontaneidade e sociabilidade. De desinibição.
A Língua Portuguesa é expressa ou proferida de maneira coloquial.
Sendo assim, o idioma não cumpre formalidades. É descontraído.
E eu, como escritor e médico-veterinário, retifico todas as palavras.
Instintivamente, corrijo todos os vocábulos e locuções discorridas.
Evidentemente e mentalmente. Não quero ser um azucrinante.
Um enfadonho e fastidioso. Paralelamente a isso, é inquietante.
Haja vista que essa circunstância revela a baixa escolaridade.
O apedeutismo e a incultura. Nitidamente, o tema é superficial.
O assunto conferenciado entre as clientes do local é quotidiano.
Família, relacionamentos, ansiedade e frustrações são alguns.
Normalmente, eu sou o único homem dentre as mulheres.
E a minha cabeleireira já está ambientada com o meu jeito.
Com a minha peculiaridade. Eu sento na extremidade e observo.
Fito e atento para todas as verbosidades ou tagarelice.
Esse escrito não é uma discordância ou reprimenda.
Uma condenação ao estilo de vivência do gênero feminino.
O texto é apenas um relato. Ou melhor, uma crônica.
Crônicas de um salão de beleza.