Desabafo!
Caráter não se define por nunca ter errado, se define pelo reconhecimento de se estar errado e modificar a rota do pensamento.
Todos erramos, eu já errei com todos, em julgamentos, em pensamentos, em ações e de quaisquer outras formas possíveis de erros, não há pessoa que nunca tenha errado na vida.
Não há existência sem erro, portanto manter-se no erro sabendo que suas bases de pensamento são infundadas, é apenas mais uma ação de equivoco diante do mundo, mas o pior disso é que essa ação de equivoco vai contra o próprio sujeito, e sua essência, e essa é a pior traição que se pode ter, a traição contra seu próprio ser.
Atire a primeira pedra que nunca errou, pois estamos todos prostituídos pelas sensações corriqueiras.
Lógico que é ótimo esbanjar dinheiro, denegrir pessoas, rebaixar pessoas, transar com varias pessoas; É lógico que é ótimo ver-se em qualquer relação com poder maior do que os que estão ao meu redor.
Estamos prostituídos pela sensação de superioridade moral, aquela que nos faz acreditar que determinada musica, determinado filme, determinado político ou determinado comportamento me torna superior moralmente sobre o restante, como se eu fizesse parte de uma elite diante daqueles que devem se submeter.
O que não percebemos é que o marketing não nos vende mais aquilo que queremos comprar, mas a sensação imediata de superioridade que determinado produto pode nos trazer.
Ao invés disso o homem deveria perceber que o conhecimento que possui já é seu, mas o conhecimento do outro é um manancial de conexões a serem exploradas em continuidade com a própria sujeição na existência.
A singularidade do outro determina uma cadeia de conhecimento que eu não conheço, e portanto somente a percepção de igualdade nos trará a verdadeira recompensa de conhecimento que todos precisamos.
Normalmente o que vemos nos outros é justamente aquilo que temos dentro de nos como singularidade diante da realidade que se apresenta sobre o outro.
Nossa singularidade diante do acontecimento do outro nos faz julgar a ação que as outras pessoas terão, portanto quando julgamos o outro, é justamente sobre nós que estamos falando.
Julgo o outro de medíocre porque diante do acontecimento do outro eu me torno medíocre, e assim em quaisquer aspectos do julgamento que me é tão natural.
Alias, como o natural nos leva as sensações cotidianas como objetivo de toda existência, essa sensação de pertencimento imediato, de superioridade imediata, o ego é determinado assim.
Todos os dias, as correntes de minha natureza fincam suas raízes espinhosas, para que eu não consiga caminhar perante o desconhecido.
Caráter é entender que desconhecer algo não define o sujeito, e assim o respeito ao outro é determinante para que possamos alcançar aquilo o que seja conhecer.
A natureza humana luta contra quaisquer aspectos de desconforto!
Caráter é identificar o próprio erro, é ajustar a rota e lutar contra a própria natureza para alcançar um entendimento mutuo com o todo ao meu redor