Educação por prêmios e castigos

Castigos e prêmios. Sim ou não como ferramenta educacional?


Primeira parte(diga não a castigos e prêmios)

Segundo Huberto Rohden
 
O educador não deve convidar o seu educando a agir para receber algum prêmio por ser bom, nem a recear castigo por ser mau. Prêmio e castigo, recebidos de fora, seja antes ou depois da morte, não são motivos honestos para ser bom ou deixar de ser mau, porque essa mentalidade se baseia no ego, que se guia por fatores egoístas, externos.
O único prêmio e o único castigo a que o educador deve apelar são a realização ou frustração do próprio Eu central do homem. A realização existencial é o único prêmio que o educador e o educando devem ter em vista; e a frustração existencial é o único castigo que deve ser evitado.
Qualquer alo-prêmio(premio vindo de fora) ou alo-castigo(castigo vindo de fora) é antipedagógico; somente o autoprêmio e o autocastigo são fatores pedagógicos e eticamente aceitáveis.

A única finalidade da encarnação terrestre do homem é a sua auto-realização, e o único desastre é a sua autofrustração.

Mas, para que o educador e o educando possam agir por esses motivos(agir motivado pela auto-realização e se afastar da autofrustração existencial), é necessário que tenham(educador e educando) noção clara sobre a sua própria natureza integral. (que idade a criança esta apta a ter essa noção clara sobre a sua própria natureza integral?)
O educador que não seja um auto-realizado não pode mostrar ao educando o caminho a seguir. Palavras não são eficientes, se elas não forem o transbordamento espontâneo da vivência do educador.

“Não pude ouvir o que ele(professor) disse, porque aquilo que ele “é” troveja mais alto”

Antes de eduzir do seu educando esse valor(virtude), deve o educador eduzir de si mesmo esse valor. A auto-educação é o segredo de toda a alo-educação. Auto-realização é a raiz da alo-realização.

Segunda parte (diga sim a castigos e prêmios)

Segundo Huberto Rohden

O castigo, além de ser razoável e dado por amor, nunca deve degenerar em violência ou brutalidade.

É essencial que o educador faça ver ao educando que lhe proíbe isto ou aquilo por amor, pelo bem dele. Neste caso, nenhuma proibição, nenhum castigo gera complexos ou traumatismos, que são produtos de revolta e incompreensão contra um educador insensato. Amor compeendido não gera complexos e traumas.
Por outro lado, porém, é experiência comum que um educando que teve todos os seus caprichos e veleidades atendidos, mais tarde considera seu educador fraco, e antes o despreza do que o estima.

Castigo não é punição. Punir para fazer sofrer é procedimento imoral; mas castigar para melhorar é recomendável. Naturalmente, se o educando percebe que o educador o faz sofrer para se vingar de alguma ofensa pessoal, cria ódio dele e sente-se injustiçado; mas, quando o educador procede racionalmente, o educando compreende que ele o castiga por amor, não por vingança, e, mais tarde, lhe será grato pelo fato de o ter educado desse modo.
O educador sabe fazer ver ao educando a razão e racionalidade de uma proibição.
(toda proibição deve ser racional e ser explicada para o aprendiz. Se mesmo assim, ele desobedecer, ele deve ser racionalmente castigado sem brutalidade. Caberá o educador demonstrar ao aprendiz que o castigo é justo e tem a função de trazer a tona o seu melhor para que seja verdadeiramente bom e consequentemente feliz.)
A natureza humana é essencialmente bipolar, mas apenas um pólo funciona inicialmente: o da liberdade.

Quanto aos supostos complexos e traumas, mostra a experiência que uma pessoa que na infância não teve educadores de mão firme continua insegura também na fase adulta. Para que haja equilíbrio autônomo na fase adulta, deve haver equilíbrio heterônimo na infância.
A humanidade levou milhares e milhares de anos para estabelecer certo equilíbrio entre liberdade e segurança; por isso, seria insensato querer iniciar a educação unilateralmente com 100% de liberdade e 0% de segurança.
Durante a infância, e em parte na adolescência, a segurança do educador deve complementar a liberdade do educando. Mais tarde, esse equilíbrio heterônimo se transformará num equilíbrio autônomo.( o educador empresta sua segurança por meio de uma mão firme que proibe, castiga(purifica) e premeia, conduzindo o educando a conquista da própria segurança?)
Para que, na vida posterior, o homem tenha esse equilíbrio de segurança e liberdade, é necessário que alguém, na infância, acrecente à segurança, que a criança não tem, a liberdade, que ela deve ter. (como acrescentar a segurança que a criança não tem? Imponto regras, limites e castigos?)
O homem integral, porém, necessita de segurança com liberdade, ou liberdade com segurança. (devemos cercear a liberdade com proibições e castigos para gerar segurança?)
Entretanto, as experiêcias da vida real provam que é uma teoria meramente idealista, e não realista, e portanto deletéria e contraproducente. E isto por motivos profundamente lógicos: o homem não pode adulterar impunemente as leis da natureza. Toda a criança, adolescente, e mesmo o homem maduro, enquanto está no plano do ego, sofre de insegurança. Essa insegurança, é diretamente proporcional à liberdade: 100% de liberdade é 100% de insegurança.
Tão fascinante é essa teoria que seduz a muitos incautos.
Andam por aí livros pedagógicos que proíbem todo e qualquer castigo; que exigem do educador que deixe o educando fazer tudo o que ele quiser, realizar todos os seus caprichos e veleidades. O castigo, dizem esses autores, cria no educando complexos e traumas funestos para a vida futura; somente uma natureza totalmente livre de quaisquer inibições externas é que se realiza harmoniosamente.

Fique, pois, claramente estabelecido o seguinte: Quem pune alguém só para o fazer sofrer, comete um ato imoral. Toda e qualquer punição, para não ser
imoral, deve ter o caráter de castigo (*) educativo, pedagógico, disciplinar.
(*) Castigare (castigar) vem de duas palavras latinas, castum (casto, puro) e
agere (fazer, agir), de maneira que castigare (castum agere) quer dizer purificar, e a palavra castigar só devia ser usada neste sentido disciplinar, o que, infelizmente, nem sempre acontece. Toda e qualquer punição que não tenha estecarát er de verdadeira castigação ou purificação é imoral e incompatível com a ordem cósmica ou vontade de Deus. Deus não pune ninguém por vingança, mas castiga seus filhos para os melhorar. (castigar no sentido de dar a cada um “desconforto” necessário para sua evolução em direção ao homem bom e feliz)

Conclusão:

Premiar por que o aprendiz agiu como um homem bom agiria, degenera, porque condiciona a "agir bem" por interesses pessoais. O único premio por agir bem deve ser um autopremio de um prazer interior da alma, que é um sentimento de autorealização próprio do ser humano. Um prazer da alma por agir como se deve e por amar o que se deve.

Jamais deve incutir no aprendiz o receio de agir mal apenas por medo do castigo. O aprendiz deve recear agir mau porque este agir mau lhe causa uma autofrustração existencial. Lhe causa um vazio existencial, uma desarmonia interior, por que sente que esta a agir fora dos valores da sua essencia.

O castigo aplicado racionalmente e sem afetação, mas com amor, visando o bem do aprendiz deve ser aplicado para que este conquiste a Segurança. O castigo ou proibição deve ser aplicado de uma forma que o aprendiz compreenda. Que o aprendiz consiga ver que é pelo bem dele que se aplica o castigo ou a proibição. Por isso o castigo deve ser razoável sem degenerar em violencia e brutalidade.
Atma Jordao
Enviado por Atma Jordao em 05/04/2021
Reeditado em 05/04/2021
Código do texto: T7224564
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