Desabafo de um Estúpido Brasileiro. (Da série "Hoje estou azedo")
Desabafo de um estúpido brasileiro.
Considerei-me sempre apolítico. Primeiramente por total ignorância a respeito do assunto, posteriormente, pela plena incredulidade quanto ao altruísmo de um poder amamentado nos seios fartos dum ideal capitalista. A grande da verdade, é que a política nunca exerceu em mim, nenhum tipo de atração.
Se ainda voto, mesmo que anulando seu valor em todas as eleições, é por pura miséria de não ceder meu pobre dinheiro em multas. E se, sequer passar por minha cabeça, que votando, exerço minha cidadania, considere-me um doente alienado por um esoterismo político que teima por subjugar capacidade critica de qualquer homem ou mulher. Junto a isto, a eloqüência das palavras e da retórica que dissimula o instinto prostituído de um político, parece-me uma fábula, sim leitor, uma fábula, muito menos interessante que as estórias do Bom Velhinho, duendes e fadas que encantam os menos ingênuos e de pouca idade.
Depois de histórias de horror, como as do Bicho Mensalão, Sanguessugas da Transilvânia Brasileira ou dos vários casos, dos muitos mortos-vivos que vagam com fome, no país das pizzas, cansei de querer acreditar em melhorias neste país.
Ai, vivo me perguntando:
Como melhorar se, a corja de latrocidas que andam soltos a nos assustar, é julgada por seus próprios pares? E ainda, com a cara mais limpa, se auto nomeiam representantes do povo.
Como melhorar se, a impunidade anda por ai a solta e estes políticos não sabem o que é pagar por seus crimes indo parar na prisão?
Como melhorar com a carga tributária que está a superfaturar nossos usos?
Como melhorar se a queda é evidente?
Como melhorar se há tantas perguntas a serem respondidas?
Sei que faço parte dessa espessa epiderme de uma sociedade que está cansada disto tudo, porém não move sequer um músculo para tentar mudar a puta da situação. Mas se não o faço, não o faço conscientemente, pois o sistema já criou meios de se defender de tolas retaliações civis. E se achas, leitor, que sou débil por notar as coisas desta maneira, então, somos dois, cada um a seu modo.
Já que muitos pensam ser impossível ser apolítico, e se descobri o lógico de forma tão tardia, mesmo que, agora, deixar de ser apolítico, se traduza tão somente em sentir ânsia de vômito pelo que está por ai a acontecer, e, propositalmente enfiar o dedo na garganta para provocar esta regurgitação, fazendo com que me sinta menos enojado, simplesmente por ser um estúpido brasileiro, então, agora, escrevo um estúpido texto, só para desabafar. E o pior é que desabafos como este, caro brasileiro, agora, não passam de clichês em filmes de comédia pastelão, e sem aquela musiquinha boba como fundo.
O Brasil precisa de uma lavagem estomacal, pois o podre que não é expelido acaba por tornar ainda mais fétida, a irônica analogia de “prisão” de ventre.
Outubro de 2007