Para que complicar?
A quantidade de estudantes que se revolta com a Matemática é algo perceptível no contexto escolar.
Há diversos fatores que influenciam nesta revolta. Entre os quais, me arrisco a apontar:
a) Falta de estímulo por parte do docente;
b) Falta de simplicidade em explicações;
c) Falta de aplicabilidade no cotidiano do estudante. Entre outros.
Cada uma delas é muito relativa no contexto de cada escola, e não se aplicam a qualquer uma.
Um exemplo que me deixa agoniado é o conteúdo “Matrizes”… Mais especificamente na parte em que trabalhamos “Multiplicação entre matrizes”.
Trabalhar com matrizes matemáticas é algo, no meu ver, muito bom e útil, com diversas aplicações “realmente” práticas. O aluno consegue perceber onde ele pode usar esta parte da matéria em seu cotidiano.
Mas onde ele usará “Multiplicação entre matrizes” do jeito que é ensinado na escola?
Opa! Espere um pouco! Antes de mal interpretar o que aqui estou apontando, verifique se não é verdade que “multiplicação entre matrizes” é algo complicado de se “aplicar”.
Então, acompanhe meu raciocínio:
Se você fizer uma pesquisa na internet com a frase: “onde usamos multiplicação de matrizes na prática?”, irá encontrar aproximadamente 5.340.000 resultados na língua portuguesa. Os mais relevantes serão os primeiros na tela. E, no entanto, a maioria desses resultados não explica o questionamento. Além de usarem sempre exemplos repetitivos. Eis um deles:
“(UEL-PR) Durante a primeira fase da Copa do Mundo de futebol, realizada na França em 1998, o grupo A era formado por quatro países: Brasil, Escócia, Marrocos e Noruega. Observe os resultados (números de vitórias, empates e derrotas) de cada um, registrados em uma tabela e em uma matriz A, de ordem 4 x 3.
________/ Vitória / Empate / Derrota
Brasil __/___2____/___0____/___1____
Escócia _/___0____/___1____/___2____
Marrocos /___1____/___1____/___1____
Noruega_/___1____/___2____/___0____
Pelo regulamento da Copa, cada resultado (vitória, empate ou derrota) tem pontuação correspondente (3 pontos, 1 ponto ou 0 ponto). Veja esse fato registrado em uma tabela e em uma matriz B, de ordem 3 x 1.
Número de Pontos
Vitória: 3
Empate: 1
Derrota: 0
(...)"
Resumindo: depois o exercício pede para calcular quantos pontos cada um fez… e Bla bla bla.
Agora vem o “X” da questão: Para resolver o dito exercício é proposto o uso da operação de “multiplicação entre matrizes”. E aí vem todo o processo de regras para funcionar a dita conta… Número de colunas da primeira igual ao número de linhas da segunda … e segue…
Então, eu pergunto gritando: “PARA QUE COMPLICAR ESTÁ CONTA?”. Não sabe que é mais fácil fazer de outro maneira? Em uma planilha eletrônica por exemplo. (Brincadeira aqui, pois é obvio que em um vestibular você não tem acesso a planilha eletrônica).
Mas, sim: a conta pode ser feita de um jeito mais fácil!
Para começar, a segunda tabela, a qual fala do valor atribuído a cada caso, pode ser escrita em uma linha, mantendo a mesma paridade do cabeçalho da primeira tabela.
Resumidamente deste jeito:
___ /_Vit__ /_Emp__/ _Der___ 3(V) / 1(E) / 0(D) / Total:
BR_/___2__/___0___/___1___ _____/______/______/_______
ES_/___0__/___1___/___2___ _____/______/______/_______
MA_/___1__/___1___/___1___ _____/______/______/_______
NO_/___1__/___2___/___0___ _____/______/______/_______
Assim é só preencher a segunda com as multiplicações dos elementos, e somar o resultado para obter o total. Não achou mais fácil?
E quanto a brincadeira mencionada acima: nem uma planilha eletrônica de pacotes convencionais (offices) faz a “multiplicação entre matrizes” do jeito que aprendemos na escola!
Então: Para quê complicar o aprendizado?
Para ser um bom professor é importante tornar o conteúdo palpável, aplicável, e de fácil entendimento.
Não digo em facilitar a coisa! Mas ensinar dentro de um processo significativo para o estudante... Caso contrário, serão explicações lançadas ao léu. Sem validade alguma.