Comentários sobre Plotino(Neoplatônico - 205 anos depois de Cristo) - 1° Enéada - Do Vivente, Da Virtude, Da Dialética, Da Felicidade, Do Belo, Do Bem, Dos Males, Do Suicídio
Faço esses comentários com um sensato temor de inevitáveis equívocos, mas ainda sim, convicto do valor da investigação. Como diz o próprio autor Plotino: " Obedeceríamos ao preceito do deus de conhecer a nós mesmos, ordenado acerca disso ao fazermos a investigação."
Assim, prosseguimos.
Deve-se por a Alma no corpo e a partir de ambos, o todo é denominado Vivente.
Ou talvez o essencial(da alma) é não misturável... pois o que É, é sempre.
Já aqui nas primeiras frases, Plotino, de maneira filosofica divide a alma em dois, sendo uma parte imortal, a essencia da alma, que se mistura a uma outra parte mortal, ou seja, o corpo, a psique. Assim, temos um composto(alma e corpo ou espirito e personalidade), uma mistura denominado vivente, mas não necessariamente uma mistura da essencia, pois a essencia da alma permanece sempre pura. Já a outra parte da alma, a parte mortal, que pode ser chamada de psique ou personalidade, esta recebe tanto da alma pura, quando das sensações, afecções e impressoes do corpo.
o que examina acerca disso somos nós ou é a alma? ou somos nós com a alma?
Mas afinal, quem é esta ai que observa e questiona a si mesmo? quem somos nós? a alma? a psique? o corpo? a soma de tudo?
A parte inferior da alma é a alma mortal, a nossa psique, o nosso personagem da vez. Aquele que pensa, opina, que tem sensações. Esta é a parte que não permane. A outra parte. A parte superior da alma é a nossa essencia. Aquilo que sempre é.
o essencial é não misturável.
Pois o que é, é sempre.
O composto é vivente, misturado na parte inferior.
Duplo é então o "nós", seja contada dai a fera.
A fera proveniente do vivente é o corpo.
Nós, o vivente, somos o composto, que é duplo, pois tem em si a "fera" representada pelo corpo, alem também da parte superior da Alma.
Mas para além do "vivente, composto e duplo" temos o homem verdadeiro que se purificou disso tudo.
O verdadeiro homem é outro, purificado dessas coisas, que tem virtudes no modo de pensar, (virtudes) que estão constituidas na alma, que é separada e separável estando ainda aqui.
Este homem autêntico e verdadeiro é aquele que mesmo aqui, misturado com o corpo, conquistou a si mesmo, tornando-se separado, ainda que junto.
Aqui Plotino já começa a introduzir a ideia sobre o esforço de nos separarmos da nossa parte animal, afim de dominar essa parte irracional. Quando o homem está a mercê dessa parte irracional, animal será identificada por Plotino como o "comum" o "composto" o "vivente", diferente do homem interior, o homem verdadeiro, o homem autêntico, que domina a "fera animal"
A alma é sem culpa.
o composto erra , e este é que paga a pena, e não aquele(alma)
umas (virtudes) são do comum, e outras do homem interior
as virtudes que não são pelo pensar, que estão nos costumes e práticas, são do comum; pois deste são os vícios.
Aqui Plotino separa a virtude inconsciente, muitas vezes imposta de maneira coerciva pelos costumes, da virtude consciente, pautada na convicção do que é dever, do que é próprio do homem verdadeiro.
Logo após, Plotino vai introduzir o que considero a sua ideia central, pois trata-se de uma filosofia moral que nos invoca, pelo esforço, a conquista de nos reconhecer como seres essencialmente bons.
posto que os males existam aqui ..., e a alma quer evitar os males, é necessário fugir daqui. Em que cosiste então a fuga? - Em assemelhar-se a Deus, diz Platão.
"Fugir daqui", mas não um fugir pelo suícidio, ou fugir dos deveres para um isolamento social. Plotino vai falar de um "fugir" para dentro de si mesmo e lá encontrar nossa verdadeira essencia e com ela se avizinhar enquanto aqui caminha.
procurar até que ponto a alma pode separar-se do corpo. Separando-se do corpo, ela sem dúvida concentra-se em si mesma talvez junto com o que chamariamos seus compartimentos, mantendo-se absolutamente impassivel e procurando apenas os prazeres indispensáveis, medicações e liberações de trabalhos tanto que é necessário para evietar moléstias, evitando por outro lado os sofrimentos, ou antes, se isso não lhe é possivel, suportando-os sem amargor.
Separando-se do corpo(a alma) ... desejará o beber e o comer para satisfazer as necessidades do corpo, e não para si mesma.
Separando-se do corpo ...não desejará nada vil... a parte irracional da alma será como um que tendo sido vizinho de um varao sábio tirará proveito dessa vizinhança ou assemelhando-se a ele(a alma sábia) ou respeitando-o tanto que terá vergonha de fazer o que o homem de bem não quer que ele faça. ..
... (a parte irracional) desgostará, perante minima eventual excitação, por não permanecer em repouso quando seu dono está lá, e se recriminará a si mesma sua debilidade.
Certamente então de tais coisas(parte irracional se curvar a alma) nenhum é erro, mas endireitamento para o homem; mas o esforço é estar não fora de erro, mas em ser Deus.
antes das impurezas o ser era bom, mas bastará certamente a purificação, e o que subsiste será o o bem e não a purificação.
Faço esses comentários com um sensato temor de inevitáveis equívocos, mas ainda sim, convicto do valor da investigação. Como diz o próprio autor Plotino: " Obedeceríamos ao preceito do deus de conhecer a nós mesmos, ordenado acerca disso ao fazermos a investigação."
Assim, prosseguimos.
Deve-se por a Alma no corpo e a partir de ambos, o todo é denominado Vivente.
Ou talvez o essencial(da alma) é não misturável... pois o que É, é sempre.
Já aqui nas primeiras frases, Plotino, de maneira filosofica divide a alma em dois, sendo uma parte imortal, a essencia da alma, que se mistura a uma outra parte mortal, ou seja, o corpo, a psique. Assim, temos um composto(alma e corpo ou espirito e personalidade), uma mistura denominado vivente, mas não necessariamente uma mistura da essencia, pois a essencia da alma permanece sempre pura. Já a outra parte da alma, a parte mortal, que pode ser chamada de psique ou personalidade, esta recebe tanto da alma pura, quando das sensações, afecções e impressoes do corpo.
o que examina acerca disso somos nós ou é a alma? ou somos nós com a alma?
Mas afinal, quem é esta ai que observa e questiona a si mesmo? quem somos nós? a alma? a psique? o corpo? a soma de tudo?
A parte inferior da alma é a alma mortal, a nossa psique, o nosso personagem da vez. Aquele que pensa, opina, que tem sensações. Esta é a parte que não permane. A outra parte. A parte superior da alma é a nossa essencia. Aquilo que sempre é.
o essencial é não misturável.
Pois o que é, é sempre.
O composto é vivente, misturado na parte inferior.
Duplo é então o "nós", seja contada dai a fera.
A fera proveniente do vivente é o corpo.
Nós, o vivente, somos o composto, que é duplo, pois tem em si a "fera" representada pelo corpo, alem também da parte superior da Alma.
Mas para além do "vivente, composto e duplo" temos o homem verdadeiro que se purificou disso tudo.
O verdadeiro homem é outro, purificado dessas coisas, que tem virtudes no modo de pensar, (virtudes) que estão constituidas na alma, que é separada e separável estando ainda aqui.
Este homem autêntico e verdadeiro é aquele que mesmo aqui, misturado com o corpo, conquistou a si mesmo, tornando-se separado, ainda que junto.
Aqui Plotino já começa a introduzir a ideia sobre o esforço de nos separarmos da nossa parte animal, afim de dominar essa parte irracional. Quando o homem está a mercê dessa parte irracional, animal será identificada por Plotino como o "comum" o "composto" o "vivente", diferente do homem interior, o homem verdadeiro, o homem autêntico, que domina a "fera animal"
A alma é sem culpa.
o composto erra , e este é que paga a pena, e não aquele(alma)
umas (virtudes) são do comum, e outras do homem interior
as virtudes que não são pelo pensar, que estão nos costumes e práticas, são do comum; pois deste são os vícios.
Aqui Plotino separa a virtude inconsciente, muitas vezes imposta de maneira coerciva pelos costumes, da virtude consciente, pautada na convicção do que é dever, do que é próprio do homem verdadeiro.
Logo após, Plotino vai introduzir o que considero a sua ideia central, pois trata-se de uma filosofia moral que nos invoca, pelo esforço, a conquista de nos reconhecer como seres essencialmente bons.
posto que os males existam aqui ..., e a alma quer evitar os males, é necessário fugir daqui. Em que cosiste então a fuga? - Em assemelhar-se a Deus, diz Platão.
"Fugir daqui", mas não um fugir pelo suícidio, ou fugir dos deveres para um isolamento social. Plotino vai falar de um "fugir" para dentro de si mesmo e lá encontrar nossa verdadeira essencia e com ela se avizinhar enquanto aqui caminha.
procurar até que ponto a alma pode separar-se do corpo. Separando-se do corpo, ela sem dúvida concentra-se em si mesma talvez junto com o que chamariamos seus compartimentos, mantendo-se absolutamente impassivel e procurando apenas os prazeres indispensáveis, medicações e liberações de trabalhos tanto que é necessário para evietar moléstias, evitando por outro lado os sofrimentos, ou antes, se isso não lhe é possivel, suportando-os sem amargor.
Separando-se do corpo(a alma) ... desejará o beber e o comer para satisfazer as necessidades do corpo, e não para si mesma.
Separando-se do corpo ...não desejará nada vil... a parte irracional da alma será como um que tendo sido vizinho de um varao sábio tirará proveito dessa vizinhança ou assemelhando-se a ele(a alma sábia) ou respeitando-o tanto que terá vergonha de fazer o que o homem de bem não quer que ele faça. ..
... (a parte irracional) desgostará, perante minima eventual excitação, por não permanecer em repouso quando seu dono está lá, e se recriminará a si mesma sua debilidade.
Certamente então de tais coisas(parte irracional se curvar a alma) nenhum é erro, mas endireitamento para o homem; mas o esforço é estar não fora de erro, mas em ser Deus.
Essa parte me lembra as palavras do imperador estoico Marco Aurélio - há que ser reto ou endireitado.
Também nos lembra Aristoteles, em Etica a Nicomaco, que faz a distinção entre o controlado e o moderado, sendo o controlado, aquele que se mantem fora do erro por esforço, mas sentido uma certa dor, pois parte dele continua a querer a ceder aos prazeres indignos. Diferente seria o moderado, pois este, alem de ficar fora do erro, ainda sente um regojijo em se abster desse erro. Nesse sentido, penso que Aristotelels e Plotino se completam, pois o moderado parece fazer o que Plotino ensina, ou seja, que o esforço seja direcionado nao a repressão do erro, mas sim na extinção de qualquer desejo pelo erro, o que seria o mesmo que "ser Deus". O esforço deveria ser na direção de "ser Deus", ou "assemelhar-se a Deus."
Isto me remete também a um conto Hindu, sobre dois personagens, Rama e Hanoma, onde Rama representa o Deus, o mestre, enquanto e Hanoma representa o servidor discipulo.
Hanoma era um servo de Rama, defendendo o mundo do mal, em nome do deus Rama. Certa vez, Rama chega para seu servo Hanoma e pergunta: -- --Hanoma, quem é voce?!
Nessa hora, diante de perguta tão sublime, Hanoma fica em silencio por um bom tempo até que responde:
-- Rama. Quando eu não sei quem sou, então eu Te sirvo. Mas quando eu sei quem eu sou, eu sou você, Rama.
Essa história me ajuda a comprender a ideia de Plotino sobre a importancia do esforço, não apenas de servir o melhor de nossa alma por meio do autocontrole, mas sim em se torna esta alma divina. "mas o esforço é estar não fora de erro, mas em ser Deus."
Também nos lembra Aristoteles, em Etica a Nicomaco, que faz a distinção entre o controlado e o moderado, sendo o controlado, aquele que se mantem fora do erro por esforço, mas sentido uma certa dor, pois parte dele continua a querer a ceder aos prazeres indignos. Diferente seria o moderado, pois este, alem de ficar fora do erro, ainda sente um regojijo em se abster desse erro. Nesse sentido, penso que Aristotelels e Plotino se completam, pois o moderado parece fazer o que Plotino ensina, ou seja, que o esforço seja direcionado nao a repressão do erro, mas sim na extinção de qualquer desejo pelo erro, o que seria o mesmo que "ser Deus". O esforço deveria ser na direção de "ser Deus", ou "assemelhar-se a Deus."
Isto me remete também a um conto Hindu, sobre dois personagens, Rama e Hanoma, onde Rama representa o Deus, o mestre, enquanto e Hanoma representa o servidor discipulo.
Hanoma era um servo de Rama, defendendo o mundo do mal, em nome do deus Rama. Certa vez, Rama chega para seu servo Hanoma e pergunta: -- --Hanoma, quem é voce?!
Nessa hora, diante de perguta tão sublime, Hanoma fica em silencio por um bom tempo até que responde:
-- Rama. Quando eu não sei quem sou, então eu Te sirvo. Mas quando eu sei quem eu sou, eu sou você, Rama.
Essa história me ajuda a comprender a ideia de Plotino sobre a importancia do esforço, não apenas de servir o melhor de nossa alma por meio do autocontrole, mas sim em se torna esta alma divina. "mas o esforço é estar não fora de erro, mas em ser Deus."
antes das impurezas o ser era bom, mas bastará certamente a purificação, e o que subsiste será o o bem e não a purificação.