AS CINCO VIAS QUE LEVAM A DEUS
As “provas” da existência de deus de Tomás de Aquino e as minhas refutações dessas provas, entre parênteses)
Um exemplo de como o tomismo emprega a razão a serviço da fé cristã é o conjunto de argumentos, todos de cunho empírico, isto é, que se demonstram por via da experiência, que provam a existência de Deus. Eles ficaram conhecidos como as Cinco Vias que levam a Deus. São elas:
(Não são realmente empíricos porque na verdade não se demonstram por via da experiência. Refletem mais explicações arduamente procuradas e trabalhadas para dar lógica, uma lógica discutível, a uma opinião formada; a afirmação de uma “verdade”, para a época e para o autor, inquestionável.)
1) Movimento:
Este primeiro argumento parte da constatação de que as coisas se movem. Galáxias, planetas, rios, nuvens, homens, moléculas, tudo na natureza está em constante movimento e transformação. E se existe o movimento, existe também aquilo que provoca o movimento. Como um jogador que chuta uma bola, um raio que incendeia uma árvore ou a força gravitacional que mantém corpos celestes em órbita. Constata-se, portanto, que este agente do movimento é externo, ou seja, nada pode mover a si próprio, ou ser, ao mesmo tempo, motor e movido: nenhum carro se locomove sem algum tipo de combustível. Mas este raciocínio conduz a um absurdo lógico: se todo movido possui um motor, há uma sucessão infinita e, não havendo um primeiro motor, também não haveria um segundo e assim por diante. Em resumo, o movimento seria impossível! A única forma de explicar o movimento é conceber Deus como causa motora primeira, que não é movida por nenhuma outra.
(Se nada se move sem uma causa externa e se pode ter uma causa primeira temos um problema e uma outra possível explicação: 1 – Se nada se move sem uma causa externa não há razão para que deus seja exceção à regra, portanto, posso perguntar: quem move deus? 2 - Se pode ter uma causa primeira então essa causa primeira não precisa ser deus, pode ser, por exemplo, a lei da gravidade, ou outro fenômeno perfeitamente explicável pelas leis da física.)
2) Causalidade:
A segunda via é parecida com a primeira. Observa-se na natureza uma ordem segundo uma relação de causa e efeito. O homem com o taco de bilhar é a causa; a bola que entra na caçapa, o efeito. É impossível algo ser causa e efeito ao mesmo tempo: a bola de bilhar não entra sozinha na caçapa. Contudo, se toda causa tem um efeito, haveria, novamente, uma sequência infinita, a menos que admitamos uma causa primeira no universo, que é Deus.
(E o problema e a resposta são também similares: 1 – Se todo efeito tem que obrigatoriamente ter uma causa, deus é um PUTA efeito: Qual seria a causa? 2 – Se pode ter uma causa primeira para todos os efeitos, essa causa primeira não precisa ser obrigatoriamente deus, pode ser qualquer outra coisa mais simples como, por exemplo, a eletricidade, ou outro fenômeno perfeitamente explicável pelas leis da física.)
3) Possível e necessário:
As coisas podem ser e não ser. Todas as pessoas que conhecemos e nós mesmos não existimos para sempre. As coisas nascem, se transformam e morrem. Em outras palavras, somos seres contingentes. Porém, isso nos leva a pensar que houve um momento em que nada existia, um instante de puro nada, que os astrônomos, atualmente, localizam antes do "Big Bang", e que deu origem a tudo que há no universo. Para que o universo saísse da mera possibilidade para a existência é preciso imaginar que algo tenha provocado isso, caso contrário o nada persistiria como nada. Consequentemente, entre todos os seres possíveis (que podem ser e não ser), é razoável acreditar que haja um que seja necessário, isto é, não contingente. Como necessidade precisa ser causada, retorna-se ao absurdo das cadeias causais infinitas do segundo e primeiro argumentos, a menos que Deus exista como necessário por si mesmo.
(Se existia deus antes de tudo, então não existia o nada. Uma vez que o nada é a ausência de toda e qualquer coisa e uma vez que deus é alguma coisa, com a presença de deus não há a presença do nada. O nada mesmo seria então antes de deus, daí volta a questão, o que criou deus se antes dele, e não antes de tudo que veio depois dele, existia apenas o nada? “isso nos leva a pensar que houve um momento em que nada existia”)
4) Graus de perfeição:
O quarto argumento é mais fácil de entender. Diz Tomás de Aquino: "Encontram-se nas coisas algo mais ou menos bom, mais ou menos verdadeiro, mais ou menos nobre, etc." Por exemplo, fulano é mais legal que beltrano, o banco A é mais confiável que o banco B, etc. "Ora, mais ou menos se dizem de coisas diversas conforme elas se aproximam diferentemente daquilo que é em si o máximo". Quer dizer, para afirmar que uma coisa é mais ou menos em graus de perfeição, é preciso ter algo como parâmetro comparativo, dotado de perfeição absoluta, como um quente absoluto que permite dizer que esta água está muito quente - e aquela, apenas morna. Conclui Tomás de Aquino: "Existe algo que é, para todos os outros entes, causa de ser, de bondade e de toda a perfeição: nós o chamamos Deus".
(Afirmar que alguma coisa existe não faz com que ela exista. Posso afirmar que existe uma cobra azul abraçando o universo. O que isso pode acrescentar aos conhecimentos que temos do universo? Absolutamente nada já que a minha afirmação da existência de uma cobra azul abraçando o universo não tem o poder de fazer com que efetivamente exista uma cobra azul abraçando o universo. A mesma coisa vale para a perfeição: afirmar que deve existir um perfeito bem, uma perfeita beleza, etc, não obriga a que esses perfeitos existam, sei o que é quente sem nunca ter o conhecimento empírico do grau máximo de quente e sem que esse grau máximo precise existir, o mesmo posso dizer de todos os demais atributos que querem referir à perfeição que dizem ser deus. Atributos, aliás, bastante discutíveis em se tratando do deus de Tomás de Aquino.)
5) Finalidade:
A quinta e última via trata dos seres que se movem em uma direção, que possuem uma finalidade, o que é facilmente verificável na vida na Terra, que progride rumo a maiores níveis de organização, desde simples bactérias até modernas sociedades humanas. Tomás de Aquino usa como o exemplo o arqueiro: a flecha só parte em direção ao alvo porque existe o arqueiro que mira e dispara, isto é, porque há uma inteligência guiando a flecha. O "arqueiro" do universo, por assim dizer, é Deus.
(Não há nenhuma prova de que realmente todas as coisas e todos os seres possuam uma finalidade ou mesmo de que progridam. Essa afirmação está baseada apenas em uma opinião e como toda opinião pode perfeitamente não ser aceita. Essa opinião em especial - de que as coisas progridem - é refutável e refutada pela ciência. Não há como uma opinião discutível ser prova de nada.)