Caçador das Palavras

Por Nemilson Vieira Morais (*)

Feri, machuquei quem não merecia, disse até o que não devia, ouvi o que não gostei. Por não medir direito a gravidade das palavras que empreguei, nalgum linguajar verbal e escrito.

Por nada constrangi e vendi-me por tão pouco…

O meu pensar e agir mudou de lado, num tempo oportuno, louvável! Baixei os arsenais de fogo, pólvora e chumbo.

Desarmei o meu coração errante e, nessa ablação conquistei muitos amores, desfiz os meus temores, rumores…

Agora o meu prazer é ganhar os dias: ver a vida florescer viçosa, no meu canto e recôndito sem muitas palavras.

Se proporem-me uma agitação esforçar-me-ei a viver na calmaria das palavras, ao navegar num mar tranquilo do pensar e do dizer.

Não devo temer o resultado dos meus relatos, desde que o faça com o devido cuidado nas palavras que caçarei.

As críticas sobre o meu conteúdo exposto , não levarei tanto a sério. Faz parte do meu aprendizado; motivação para futuros trabalhos.

Caso as boas palavras que procuro se mostrarem fugidias, não ficarei aborrecido; nem sairei por aí a atirar para todos os lados, num vão enredo.

É preciso caçar as palavras; para evitar-se ataques, desnecessarios, aborrecimentos…

Escrever apenas o necessário a comprometer a qualidade do prato num discurso sem proveito.

— Coisa difícil por muitos de nós, caçadores das palavras.

O guisado da linguagem precisa aguçar o apetite do leitor.

Há palavras para todos os gostos e muitas delas nem precisam ser ditas embora existam com tal finalidade.

Algumas surgem do nada, no cenário do imaginário; querem ser lembradas, vistas, ditas...

Às vezes precisamos caçar palavras num hotizonte além; se quisermos comunicar algo de mais proveito.

Se não caçarmos bem às palavras para cada situação, na imaginação, na pesquisa num dado momento, algo indigesto, indevido, pode ser oferecido num texto qualquer que o produzirmos.

A inspiração a faltar-me não farei nenhuma narrativa, inadequada. — Nem demandarei os meus desejos em descrições ou expressões que não satisfaçam…

As palavras, talvez percebam o respeito ou desprezo, que muitos de nós temos ou não, por elas. Assim, hão de sentir a falta de todos aqueles que as escrevem.

Cacemos as melhores palavras para nos relacionarmos, as ruins demandam a questão e podem saltarem no papel.

Se as boas palavras nos derem a assistência devida, o ar da graça nos gera o prazer que carecemos.

As palavras estão por todos os lugares para serem caçadas: nos estudos, na mente, no coração, diante dos nossos olhos e ao alcance das mãos.

Elas (As palavras) resistem o quanto podem ao tempo, querem ser perpetuadas, lembradas, amadas, escritas, ditas e preditas, quantas vezes se fizerem necessário.

Que os caçadores das palavras as encontrem, se multipliquem, sejam próspero nas suas exposições!

As usem nas suas mais variadas maneiras: verbalmente ou impressas.

Que as palavras sejam expostas com sabedoria, num gesto, numa fala, na escrita; num benefício das boas relações e bem estar de quem vive delas; dos que as ouvem, leem, guardam, caçam!

*Nemilson Vieira

Acadêmico Literário.

(08:11:15)