Meu mestre, Meu instrutor
Estou escrevendo este texto.
Portanto, este texto é o presente, é o novo, é o meu mestre.
A Ele me dedico, me interesso. A ele sirvo com alegria, com sensibilidade, com máxima atenção. Ele é o meu "aqui e agora", minha jornada espiritual, meu instrutor e meu melhor amigo.
Pensamentos fora deste momento: memórias, fantasias, anseios, preocupações - são coisas velhas. Não servem. Meu mestre é o presente.
Se subo a escada - meu mestre é a escada.
Se espero o elevador - meu mestre é a espera.
Meu mestre não é minha opinião sobre a escada, nem meus pensamentos sobre a espera. Meu mestre é a experiencia de estar presente na escada, na espera, em cada respiração.
Meu mestre é a louça que lavo, o banho que tomo, a tristeza que sinto. Mas não meus julgamentos sobre a tristeza, mas a simples constatação de estar triste. não é tentar entender a tristeza, mas ser uno com ela.
Meu mestre é a irritação que me chega. Não o porquê da irritação, mas a constatação da sua chegada. Meu mestre é o meu banho, o bom dia que dou, o boa noite que recebo.
Meu mestre é o alimento que como, o alimento que decido não comer. O exercício que faço, o descanso entre os exercícios.
Meu mestre é o sorriso do meu filho, ou o seu choro. O beijo da minha esposa, o seu cheiro, a sua crítica, a sua teimosia, a sua compaixão.
Meu mestre é a preguiça que sinto, o animo que me move, o livro que estou lendo. Meu mestre é o planejamento que faço, é a reflexão que me proponho.
As fantasias e os pensamentos circulares que me assaltam do presente, nada me ensinam e assassinam o meu dia. Mas se eu os constato, com um sorriso os desfaço e nesta hora são também mestres de fato.
Meu mestre é o medo que sinto. O dever que procrastino, o dever que cumpro sem demora. Meu mestre são os mestres da humanidade e o flanelinha inoportuno. Meu mestre é o dia ensolarado e principalmente o dia nublado. Meu mestre é a gripe que chega, a doença que carrego, a adversidade que me abate. Meu mestre é a pergunta e a resposta, o cadarço que estou amarrando, a constatação de uma imoralidade que me abate, o reconhecimento da minha vaidade, da minha divindade, de meus eus.
Meu mestre é a constatação genuína e interessada do momento presente, antes de qualquer pensamento.
E quando constato meu pensar, também o pensar vira o meu mestre.
E quando constato meu lembrar, também o lembrar é o meu mestre.