Monólogo 1

[O que faz você no meio destes

Com tua aura irresoluta

Se opondo a cada luta

Posando, em sua postura culta

Volta para onde és

onde nenhuma força absoluta

Não te permitirá o viés

De ser coisa forçada

Ou abrupta]

A dúvida tomara meu físico e espiritual

De modo que questionava cada movimento

Desde a boca hora escancarada

Aos pequenos passos

Que pareciam não me levar a lugar algum

Estava preso num ciclo infinito

Um círculo imperfeito

Do qual elevava meus medos a níveis autodestrutivos

Era como se as grades tivessem me acolhido pois ali não havia o horror do desconhecido

O mal conhecido já se tornara indolor

Costumeiro

O escuro nada mais era que o fechar dos olhos para não ver

É a cegueira por mim mesmo atribuída

Para evitar a verdade acerca do que me rodeia e tenta me perfurar a pele, músculos, coração, ossos

Durmo como quem não deseja viver determinados momentos

Ando a espera sei lá do que

Buscando no fútil me entreter e logo me desvaneço quando não me embriago do meu próprio silêncio

E os donos dos bares, os que acham que me conhecem, as putas, os intelectuais, aqueles que acordam cedo para encher o cu do governo de dinheiro, que empurram os outros e não se vêem como iguais

Nem sabem o que se acomoda aqui

Enxergam através

E eu como ser invisível não posso reclamar

Apenas observo e sinto, muito

Se eu conseguisse explicar seria confuso e logo esquecido

Há muita convicção nas suas palavras

Muita confusão nas suas ações

Não se para pra pensar no porque das coisas

O pensar tem o único propósito de demonstrar intelectualidade para autoafirmação

Nós tornamos reféns dessa competitividade

Quase como único objetivo de vida

Ser maior que o outro

Venerado

Interessante

Só outra forma de mostrar poder

Eu pintarei as paredes da minha bolha para não ver mais essa catástrofe

Daniel Jonathan
Enviado por Daniel Jonathan em 18/06/2020
Reeditado em 18/06/2020
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