Os livros, os exílios, os amigos
Carlos é um poeta de veias abertas, que faz da América Latina seu exílio. Semelhantemente à Eduardo Galeano, é um escrevinhador de poesia, e faz dela sua ferramenta de trabalho, sua maneira de existir, sua estética no mundo. Sempre em movimento, ele é poesia pura. Apreciador das reticências do passado, eu diria que Carlos é um poeta marginal, pois circunda pela margem e flerta com os desviantes e os desvalidos, com os loucos e inacabados, os que andam por aí a observar a cidade. É marginal porque rouba os afetos do mundo, rompe com as normas e questiona nossas certezas. Mas também faz poesia para as crianças, para os amigos, para os amores. É de uma genialidade mundana, ainda que exilado. Poesia do Exílio é um livro para ser sentido, com a mesma intensidade de quem o escreveu. Tenho a alegria de ter Carlos como amigo, a dividir as mesmas utopias que nos põe a caminhar. É para isso que servem as nossas utopias.