Eu não consigo respirar (I can't breathe)

Com essas poucas palavras um preto despediu-se do mundo. Quem disse; George Floyd afro-americano morreu em 25 de maio de 2020, depois que o policial Derek Chauvin de Minneapolis se ajoelhou no seu pescoço por pelo menos sete minutos, enquanto estava algemado e deitado de bruços na rua (Informação do google). Com esta fala entrou para a história da humanidade. Mais um entre tantos e tantos. Um espetáculo dantesco visto em todo planeta. Eu não consigo respirar, vendo tantas injustiças, tantas desigualdades, tantas iniquilidades, o negro sendo assassinado covardemente, o pobre sendo massacrado cruelmente. Uns com tantos e outros com nada. Uns sobrando e outros com tanta falta. Um mundo antagônico, com uma força dominante e outra dominada, mas combativa. Uma dicotomia infernal. A luta não é de hoje. A guerra começa, ou melhor, a dominação começou há séculos, com a escravidão que impregnou na pele do negro o sofrimento, o abandono, a marca indelével de que nasceu para servir e do outro lado plantou-se o DNA da dominação, da certeza de que o negro veio ao mundo para servi-lo, e ele, o dominante só colher as benesses do mundo. Ledo engano, mentira daquelas que pronunciadas milhares de vezes, tornou-se quase que uma verdade. Não é assim, e não pode ser. Agrega-se a isso também a construção de uma sociedade mesquinha e egoísta do ter sempre mais e mais. Implantou-se a meritócracia, outra mentira dita milhares de vezes, como uma fórmula mágica e inquestionável, verdade absoluta.

Só não alcança o que quer por que não quer! Não vai a luta, não corre atrás!

Como se as chances fossem iguais para todos. Pronunciado e visto desta forma, as oportunidades se apresentam para todos. Não, não se apresenta de forma alguma e a meritócracia é falha e falsa. Não somos iguais, jamais fomos. Mas as estratégias pode e devem ser ajustadas, melhoradas e a luta que hoje trava-se pelo mundo visa exatamente isso, melhorar as condições, redistribuir riquezas, renda,saúde, educação, bem estar para todos. Diminuir a pobreza reinante e operante. O mundo esta sufocado e quase sem ar.

Vamos impor a lei e a ordem!

Não, a lei e a ordem dentro do atual “status quo” não resolve, apenas acrescenta mais desordem, iniqüidades, desigualdades. O jovem esta sem emprego, o velho esta sem renda. O pequeno empresário esta sem recurso. A falácia do empreendedor não opera milagres. O Estado mínimo não acolhe os desamparados. A precarização esta imposta pelo capitalismo. Poucos com tudo e muitos sem nada. Não há como seguir este caminho. Mudanças já e agora ou todos vamos perecer. Não se pode fechar os olhos para o que esta aí. Os políticos foram eleitos para representar os povos e não sua turma, uma ala de privilegiados. Foram colocados no poder para buscar soluções e não ficar em palanques buscando a reeleição ou insuflando as massas e suas hostes. Não se pode seguir enfrente abandonando o negro, o pobre, o faminto, o velho, o índio, ou quem quer que seja. Todos nós somos humanos. Não precisamos brigar, mas se é para buscar a continuidade da vida, recorramos à luta. Afinal todos nós precisamos de pão, de remédio, de teto, de renda... Necessitamos e temos obrigação, mais que isso, o dever de preservar a vida. O mundo acordou a tempo e percebeu que carecemos de respirar a vida de pé, com dignidade, não ajoelhados, ou pior ainda debaixo de joelhos.

Luiz Carlos Zanardo
Enviado por Luiz Carlos Zanardo em 02/06/2020
Código do texto: T6965450
Classificação de conteúdo: seguro